"Tivemos a oportunidade de expressar ao Governo, tendo em conta que o Orçamento de Estado é um instrumento onde se traduzem as opções políticas do Governo, expressar a nossa oposição a essas opções", afirmou Paula Santos, em declarações aos jornalistas na Assembleia da República, depois de ter estado reunida com vários membros do executivo.
Segundo a deputada comunista, a estratégia do Governo, traduzida nas opções do Orçamento do Estado, "não resolve os problemas do país", daí a oposição do PCP.
"Aliás, as opções políticas vão no sentido inclusivamente do agravamento da situação do país. O exemplo do IRC creio que é muito significativo", sustentou.
Paula Santos considerou que a proposta orçamental - que será entregue no parlamento no dia 10 de outubro e cujas linhas gerais estão a ser apresentadas aos partidos - terá como consequências o "desmantelamento dos serviços públicos, desinvestimento nas funções sociais do Estado, a manutenção de uma política de baixos salários e de baixas pensões", privatizações, "transferência de recursos públicos para grupos económicos" e "aprofundamento da injustiça fiscal".
De acordo com a deputada, o PCP manifestou junto do Governo a necessidade de um maior investimento público em setores como a saúde, habitação, educação e salários e pensões.
Paula Santos apontou o dedo à "convergência de PSD, CDS, Iniciativa Liberal, Chega e também com o aval do Partido Socialista", defendendo uma "rutura" com esta política.
Interrogada sobre o facto de o Orçamento ter entrega prevista para 10 de outubro, dois dias antes das eleições autárquicas, Paula Santos defendeu que o que está previsto deve ser cumprido.
Sobre o facto de o presidente do Chega ter defendido a sua entrega antecipada, Paula Santos acusou André Ventura de estar apenas preocupado com a forma e não com o conteúdo.
"O Chega fala de prazos mas não fala de conteúdo e não fala de conteúdo porque não lhe interessa, porque está de acordo com estas opções que são prejudiciais para o nosso povo e para o nosso país", acusou.
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