Em declarações hoje de manhã aos jornalistas junto à estação do ML no Campo Grande, Mariana Leitão disse que há dois direitos em conflito um com o outro: o direito à greve e o direito das pessoas aos transportes públicos.
"Quando há uma greve, o direito à greve prevalece sobre todos os outros", disse, realçando, no entanto, que "deve haver verdadeiros serviços mínimos, [para] que as pessoas tenham verdadeiras alternativas, que não sejam ignoradas, esquecidas e até maltratadas, cada vez que um conjunto de sindicatos decide fazer greve".
"É de facto uma situação indigna a forma como as pessoas são tratadas. Há uma greve que é parcial bem sei, mas a verdade é que afeta a hora de ponta. E basta verem o caos em que isto está para ver que as pessoas não têm de facto alternativa. As pessoas muitas vezes não têm sequer informação de que vai haver uma greve. Chegam ao metro e deparam-se com as portas fechadas e a seguir ver filas intermináveis e autocarros completamente cheios, porque não têm alternativa", disse.
A presidente da IL sublinhou que a situação "é inadmissível", defendendo que o direito à greve deve ser consagrado, mas também o deve ser o direito das pessoas ao transporte público.
"Ora, a verdade é que neste momento as pessoas não conseguem e quando conseguem é de uma forma completamente indigna, com as pessoas a abalroarem-se para conseguirem entrar nos autocarros", referiu.
A circulação do metro de Lisboa está hoje de manhã suspensa e as estações estão encerradas devido à greve dos trabalhadores, prevendo-se a reabertura às 10:30.
Os trabalhadores do Metro decidiram manter as greves parciais marcadas para hoje e quinta-feira, depois de um plenário realizado na segunda-feira à noite no qual foram rejeitadas as propostas apresentadas pela empresa.
Depois de um plenário inconclusivo realizado na segunda-feira à tarde, os trabalhadores reuniram-se novamente pelas 23:30, onde decidiram chumbar a proposta da empresa e manter as greves parciais, indicou Sara Gligó, da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (FECTRANS).
Sara Gligó referiu que a greve parcial de hoje vai decorrer e que fica em aberto a realização da paralisação marcada para quinta-feira.
Hoje, em comunicado, o Metropolitano de Lisboa lamentou que a greve parcial decretada pelas Organizações Representativas de Trabalhadores (ORTs) não tenha sido suspensa.
"A empresa tudo fez para evitar estas paralisações e continua empenhada em manter as negociações com os trabalhadores para pôr termo a estas divergências", é referido na nota.
A paralisação irá decorrer das 05:00 às 10:00 para os trabalhadores da operação, das 07:00 às 12:00 para os trabalhadores do setor oficinal, das 07:30 às 12:30 para trabalhadores dos setores fixos e administrativos e das 02:00 às 07:00 para trabalhadores dos serviços noturnos e via.
Segundo informou o Metropolitano de Lisboa, o tribunal arbitral não decretou serviços mínimos para estas greves parciais e o serviço abrirá apenas a partir das 10:30.
Entre as reivindicações está o aumento do subsídio de refeição, de férias e de Natal e alterações no horário máximo de trabalho semanal.
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