O secretário-geral do Partido Socialista (PS), José Luís Carneiro, lamentou esta segunda-feira as declarações do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, sobre Jorge Coelho, que disse serem uma "mentira", mas considerou que não "há elementos que permitam pedir" a sua demissão em relação ao descarrilamento do Elevador da Glória.
"Eu não encontro - para já e ainda - elementos que permitam pedir a demissão do presidente da Câmara Municipal de Lisboa", afirmou, em declarações à CNN Portugal.
José Luís Carneiro lamentou, contudo, a "linguagem insultuosa" utilizada por Carlos Moedas, considerando que "chamar sicários é chamar assassinos a soldo", referindo-se ao facto de o autarca ter acusado o PS de ser "dissimulado" e "cínico", ao ter uma candidata à autarquia que não pede diretamente a sua demissão, mas que depois "encarrega todos os seus sicários e todos os seus apoiantes para virem por trás".
O líder dos socialistas abordou também as declarações sobre o antigo ministro do Equipamento Social, Jorge Coelho, acusando o presidente da Câmara de Lisboa de "mentir".
"Tão grave quanto esta linguagem insultuosa e até mais grave do ponto de vista moral, é trazer à colação alguém que, infelizmente, não está entre nós, com uma mentira sobre as razões que levaram Jorge Coelho a pedir a sua demissão por altura da ponte de Entre-os-Rios", afirmou.
Para Carneiro, as declarações de Moedas "mostram um problema grave de consciência e de coerência".
Em causa está o facto de Moedas recusar demitir-se após o descarrilamento do Elevador na Glória, na passada quarta-feira, e rejeitar comparações com o socialista Jorge Coelho, que se demitiu do cargo de ministro após a ponte de Entre-os-Rios, em 2001.
O autarca lisboeta chegou mesmo afirmar, também numa entrevista à SIC, no domingo, que os dois casos não são comparáveis porque o gabinete de Jorge Coelho tinha recebido informações que apontavam para a fragilidade da ponte ainda antes do acidente, enquanto no caso dele, pelo contrário, não recebeu qualquer sinal nesse sentido em relação ao Elevador da Glória.
Recorde-se que o Elevador da Glória, localizado no centro de Lisboa, descarrilou pelas 18h04 de quarta-feira, na Calçada da Glória. O acidente provocou 16 vítimas mortais e mais de 20 feridos.
Na sexta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) revelou que "estão confirmadas as nacionalidades das 16 vítimas mortais" do acidente, que foram "identificadas cientificamente, com a colaboração do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses".
Assim, entre as vítimas mortais estão cinco portugueses, dois sul-coreanos, um suíço, três britânicos, dois canadianos, um ucraniano, um norte-americano e um francês.
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