O ex-secretário-geral do Partido Socialista (PS), Pedro Nuno Santos, acusou esta segunda-feira o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, de ter "enganado os lisboetas para ter o seu voto".
Em causa está o facto de Carlos Moedas recusar demitir-se na sequência do descarrilamento do Elevador da Glória, que provocou 16 mortos e mais de 20 feridos, mas ter exigido a demissão de outros, incluindo do teu antecessor, Fernando Medina.
"Carlos Moedas não percebeu que a discussão dos últimos dias não é uma guerra entre pessoas que pensam diferente, mas sim sobre um acidente que vitimou 16 pessoas, sobre responsabilização política e sobre a honestidade dos políticos, que dizem uma coisa na oposição, para ter o voto dos cidadãos, e fazem outra quando estão no poder", começou por referir numa publicação na rede social Facebook.
Numa entrevista à SIC Notícias, Moedas recusou fazer comparações com Jorge Coelho, que se demitiu do cargo de ministro do Equipamento Social após a queda da ponte de Entre-os-Rios, alegando que o socialista sabia das fragilidades da ponte.
Na mesma entrevista, o autarca acusou ainda a sua concorrente nas eleições autárquicas, Alexandra Leitão, de "politizar" a tragédia no Elevador da Glória.
Para Pedro Nuno Santos, o que "o presidente da Câmara Municipal de Lisboa disse" na entrevista "não diz nada" sobre si, sobre Alexandra de Leitão ou sobre Jorge Coelho, "mas diz muito sobre si próprio, sobre o seu carácter e, já agora, sobre a sua moderação".
"Quem pede responsabilização política não está a desrespeitar as vítimas ou o luto dos familiares, antes pelo contrário. Desrespeita as vítimas quem as usa para evitar discutir responsabilidades políticas", atirou.
Além disso, sublinhou Pedro Nuno Santos, "há várias pessoas a explicar que não pedem a demissão de Carlos Moedas, porque também não concordaram com as demissões ou os pedidos de demissão de Fernando Medina, Jorge Coelho ou Marta Temido".
"Só que o ponto, pelo menos o meu, nunca foi esse. Nenhum deles disse na oposição o que Carlos Moedas disse, nenhum deles estava refém de um determinado entendimento sobre a assunção de responsabilidades no caso de um 'erro técnico'", acrescentou.
O ex-secretário do PS considerou, ainda, que "prestamos um péssimo serviço à democracia quando desvalorizamos a importância da palavra num político" e "degradamos a qualidade da nossa democracia quando achamos normal que os políticos digam o que for necessário para ganharem eleições".
"Carlos Moedas enganou os lisboetas para ter o seu voto e é também por isso que deve ser derrotado no dia 12 de outubro", atirou.
Recorde-se que o Elevador da Glória, localizado no centro de Lisboa, descarrilou pelas 18h04 de quarta-feira, na Calçada da Glória. O acidente provocou 16 vítimas mortais e mais de 20 feridos.
Na sexta-feira, a Polícia Judiciária (PJ) revelou que "estão confirmadas as nacionalidades das 16 vítimas mortais" do acidente, que foram "identificadas cientificamente, com a colaboração do Instituto Nacional de Medicina Legal e Ciências Forenses".
Assim, entre as vítimas mortais estão cinco portugueses, dois sul-coreanos, um suíço, três britânicos, dois canadianos, um ucraniano, um norte-americano e um francês.
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