O candidato presidencial Luís Marques Mendes caracterizou, esta segunda-feira, os incêndios que afetaram o país no mês passado como uma "calamidade, um pesadelo, uma tragédia", defendendo ainda uma "homenagem pública aos bombeiros portugueses" porque foram "os verdadeiros soldados da paz".
"A primeira grande conclusão é que tudo isto é uma calamidade. O país já sabe, já sabia, mas de facto é uma calamidade, um pesadelo, uma tragédia. A segunda conclusão que é possível tirar aqui deste incêndio [Arganil] é que nós não devemos generalizar", começou por dizer, em declarações à SIC Notícias em Arganil, no distrito de Coimbra (uma das zonas mais afetados pelos fogos).
E acrescentou: "Muitas vezes dizemos: Não há ordenamento da floresta, não há gestão da floresta, não há limpeza das matas e, em muitos casos, é verdade. Mas, por exemplo, aqui, neste local que eu decidi visitar, há um projeto lindíssimo de há quatro anos do munícipio de Arganil, com a Jerónimo Martins, com a Escola Agrária de Coimbra, um projeto de ordenamento florestal. Um projeto corretíssimo do ponto de vista científico, mas falhou".
Marques Mendes referiu que o projeto "falhou" porque "as condições climatéricas e os fogos foram muito agressivos". "Aqui não se pode falhar, não se pode falar de falha no ordenamento florestal".
"A terceira conclusão que tiro, acho que para o futuro - que é a parte de agora que interessa - devemos pegar nos bons exemplos, e este projeto foi um bom exemplo, e tentar multiplicá-lo em outros pontos do país", salientou.
O candidato a Belém sublinhou que, "a esse respeito, tem que haver um maior entrosamento entre o poder central e o poder local", referindo que, nas matérias de prevenção e ordenamento florestal, "a intervenção das autarquias é muito importante, mesmo no domínio do combate".
"Há ainda uma outra conclusão que também queria hoje tirar que tem que ver com os bombeiros. Tudo isto foi uma calamidade, mas se não tivesse sido a ação dos bombeiros, provavelmente, a calamidade tinha sido muito maior. Acho que neste momento é devida uma palavra de agradecimento aos bombeiros portugueses", destacou.
Luís Marques Mendes ressalvou ainda que "a época de fogos ainda não terminou" e que "não estamos livres de fogos" durante o mês de setembro, mas notou acreditar que se justifica "uma homenagem pública aos bombeiros portugueses".
"Se o Presidente da República tomar a iniciativa de fazer oportunamente uma homenagem pública aos bombeiros portugueses, acho que todo o país lhe vai agradecer e vai aplaudir porque numa guerra que o país travou contra o fogo, eles foram os verdadeiros soldados da paz", frisou.
Incêndio de Arganil apresenta maior área ardida de sempre
O incêndio que começou no Piódão, no concelho de Arganil (distrito de Coimbra), e que entrou em resolução no domingo, ao fim de 11 dias, apresenta uma área ardida de 64.451 hectares, de acordo com o relatório nacional provisório do Sistema de Gestão de Informação de Incêndios Florestais (SGIF) do ICNF, a que a agência Lusa teve acesso.
O relatório, com a última atualização de área ardida feita no domingo, confirma que este incêndio apresenta a maior área ardida de sempre em Portugal desde que há registos, ultrapassando a anterior marca do fogo que começou em Vilarinho, no concelho da Lousã, em outubro de 2017, que tinha atingido 53 mil hectares.
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