Intervindo na comissão permanente da Assembleia da República, dedicada a debater a resposta aos incêndios, o secretário-geral do PCP afirmou que o primeiro-ministro "reagiu tarde, empurrou com a barriga e procurou fugir às suas responsabilidades".
Paulo Raimundo disse que "os incendiários, independentemente das suas motivações, têm de ser punidos pelos crimes que cometem", mas ressalvou que a "dimensão dos incêndios resulta, sobretudo, de políticas desastrosas" deste e de outros governos.
O deputado comunista disse que o PCP não se vai opôr a grupos de trabalho e comissões de inquérito - que disse serem as "habituais iniciativas da época" -, mas considerou que, "na realidade, pouco mais há por identificar", pedindo o cumprimento da Estratégia Nacional da Floresta e a aquisição dos meios aéreos necessários.
O porta-voz do Livre, Rui Tavares, pediu que o território passe a ser visto como aliado e não inimigo em relação à prevenção dos incêndios e lamentou que fosse preciso o país assistir aos incêndios deste ano para o primeiro-ministro dizer que "quer dialogar para um plano a 25 anos".
Rui Tavares disse também querer perceber se a intenção de diálogo do Governo é sincera e "onde é que ela para", porque, noutros momentos, "essa vontade de diálogo parou sempre à porta do Livre".
O líder do Livre defendeu ainda que se for para "falar a sério da organização do território" é preciso falar da regionalização, concluindo que o primeiro-ministro deve "saber dialogar, distribuir jogo com a sociedade civil e os partidos" se quer "discutir a sério a organização do Estado no seu território a 25 anos" e que "não basta dizer que se está ao leme".
A coordenadora do BE, Mariana Mortágua, criticou o Governo pela falta de medidas dirigidas aos bombeiros no conjunto de 45 propostas anunciado no Conselho de Ministros extraordinário sobre os incêndios e acusou o executivo de não ter preparado a época de incêndios.
Mortágua dirigiu-se ainda ao líder do Chega, satirizando os vídeos publicados por André Ventura nas redes sociais em que, descreveu, surgia "com um raminho a fingir que apagava um incêndio".
Inês de Sousa Real, deputada do PAN, sublinhou que, este ano, o país ardeu o "equivalente a se todo o Luxemburgo tivesse ardido", e lamentou também a falta de medidas para o reordenamento florestal e para os bombeiros, no pacote que foi apresentado no Conselho de Ministros extraordinário.
"Os bombeiros voluntários recebem 3,15 euros à hora para estarem a defender e lutar pela vida dos nossos compatriotas, para defender a floresta e também os animais. E no entanto não houve uma referência a um cêntimo, a um valor que fosse destinado aos bombeiros para de facto poder valorizar estes homens e mulheres que defendem o nosso país, lamentou.
O deputado único do JPP, Filipe Sousa, considerou que o Estado "relaxou e chegou tarde demais" e defendeu que "não é só a floresta que está a arder", mas "também a confiança dos cidadãos no Estado, a dignidade de quem trabalha a terra e, acima de tudo, a vida de comunidades inteiras que fica suspensa no meio do fumo".
Filipe Sousa pediu ao primeiro-ministro justificações para as "falhas de coordenação" entre Proteção Civil, forças de segurança e bombeiros e "ausência de meios aéreos em várias frentes", apelando ainda a "compromissos com prazos e metas concretas".
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