Numa conferência de imprensa no Parlamento sobre a Flotilha Humanitária que integra e que parte esta semana para Gaza, visando entregar ajuda à população e romper o cerco israelita, Mariana Mortágua garantiu que os três participantes portugueses (a própria, a atriz Sofia Aparício e o ativista Miguel Duarte) enviaram uma comunicação ao Ministério dos Negócios Estrangeiros com as "informações essenciais" sobre esta missão, defendendo que Portugal deve garantir a segurança de quem a integra.
"Entendemos que esta é uma missão legal e ao abrigo do direito internacional, e entendemos que o Governo português (...) tem a obrigação moral, mas também legal, de usar todos os esforços e todos os instrumentos para garantir que estes barcos chegam em segurança e conseguem entregar ajuda humanitária em Gaza", disse.
Mortágua explicou que está em causa "uma missão sem precedentes" para furar o cerco israelita que junta "dezenas de embarcações" e delegações de mais de 40 países, defendendo que é importante que "a comunidade e sociedade civil possam fazer aquilo que o governos não fizeram", em relação ao apoio humanitário à Palestina.
A líder do Bloco frisou que vão embarcar nesta missão deputados de outros países e eurodeputados, justificando que quantos mais parlamentares "estiverem nestas embarcações, mais difícil será ao Governo israelita contra-atacar ou bloquear a a passagem destes barcos", como aconteceu com a Flotilha da Liberdade, que transportava, entre outros, a ativista climática sueca Greta Thunberg.
Mariana Mortágua afirmou que, na tomada de decisão para aceitar integrar esta missão, pesou o facto de ser deputada e, por isso, gozar de uma "proteção diplomática" que é "útil a esta missão".
A coordenadora bloquista explicou também que a expectativa é de que esta iniciativa não se sobreponha, temporalmente, ao reinício dos trabalhos parlamentares, mas que, até ao seu regresso, o partido manterá a sua atividade política, fazendo-se representar pelos seus dirigentes.
Sobre as palavras desta tarde do ministro dos Negócios Estrangeiros - que acusou o PS e o BE de populismo por defenderem hoje para Gaza o que não fizeram quando lideravam o Governo ou o influenciavam - Mariana Mortágua disse que Paulo Rangel "tem a obrigação" de reconhecer a Palestina "o mais rapidamente possível", acrescentando que esta delegação quer também "contribuir para que o Governo dê esse passo".
A deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, o ativista Miguel Duarte e a atriz Sofia Aparício integram a Flotilha Humanitária que partirá esta semana para Gaza, visando entregar ajuda à população e romper o cerco israelita.
Segundo um comunicado da organização da delegação portuguesa na iniciativa, a partida está prevista para esta semana e a jornada pelo mar Mediterrâneo deverá durar cerca de duas semanas, com a chegada a Gaza prevista para meados de setembro, com ajuda humanitária.
Questionada sobre se o BE vai retirar a proposta para a realização de uma comissão de inquérito aos incêndios no caso de o Chega avançar com a mesma iniciativa de forma potestativa, Mortágua respondeu negativamente, explicando que o Bloco quer que a proposta seja votada e sublinhando as diferenças do objetivo das duas propostas.
[Notícia atualizada às 18h55]
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