A socialista Alexandra Leitão considerou, este domingo, que a ministra da Saúde, Ana Paula Martins, está "extraordinariamente fragilizada para governar" e, consequentemente, o primeiro-ministro, Luís Montenegro, que manifestou "veemente a sua confiança" na governante.
Em declarações na CNN Portugal, Alexandra Leitão recusou pedir a demissão de Ana Paula Martins, mas considerou que a ministra "está seguramente, extraordinariamente fragilizada para tomar as decisões e as medidas, no fundo para governar, uma área como é a área da Saúde".
Para a antiga deputada socialista, a ministra da Saúde "já estava fragilizada no anterior Governo" e, ao mantê-la no atual Executivo, "o primeiro-ministro, de certa forma, corresponsabilizou-se pelo que venha a acontecer ou pelo que já está a acontecer na Saúde".
A também candidata do PS à Câmara Municipal de Lisboa rejeitou comentar as recentes "mortes trágicas de bebés" por não conhecer os "contornos" dos casos, mas enumerou aqueles que, na sua ótica, são "factos" com "consequências diretas" - as urgências fechadas, a polémica no INEM, o atraso no lançamento do concurso de helitransporte de emergência médica, as "trapalhadas da Direção Executiva do Serviço Nacional de Saúde (SNS) ou os "escândalos" relacionados com a produção cirúrgica adicional.
"Temos aqui, de facto, um conjunto de situações, são factos. Têm consequências diretas e imediatas na perda de qualidade do SNS e, consequentemente, na perda de saúde dos portugueses, e que obviamente deixam a ministra muito fragilizada para governar uma área tão sensível e tão importante para todos nos como é a Saúde", sublinhou a antiga ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública.
"E deixam o primeiro-ministro que, reiteradamente, manifestou de forma veemente e vocal a confiança nesta ministra. Deixam-no também a ele fragilizado", completou.
Recorde-se que a área da Saúde tem estado envolvida em controvérsia e, só em três semanas, três bebés morreram na região de Lisboa e Leiria. Nos dois primeiros casos, duas grávidas perderam os bebés em situações associadas ao encerramento das urgências. No outro caso, uma mulher, grávida de 26 semanas, que estava a ser transportada pelos Bombeiros Voluntários da Nazaré para o Hospital de Leiria, deu à luz na ambulância e o bebé acabou por morrer.
Numa entrevista à SIC Notícias, concedida na semana passada, Ana Paula Martins "lamentar profundamente" o desfecho do sucedido, mas que estes "dificilmente" seriam evitados.
A ministra da Saúde ressalvou que "a medicina ainda não consegue resolver tudo". "Durante este ano, fizemos um trabalho que teve já reflexos, nomeadamente na área da obstetrícia. Se me pergunta se está tudo feito, não está", admitiu.
Mais tarde, Ana Paula Martins referiu que equacionaria abandonar o cargo de ministra quando lhe faltasse "força", "ânimo" ou "capacidade".
"No dia em que sentir que me falta a força, que me falta o ânimo, ou que até me falta a capacidade de - juntamente com a equipa - coordenar o desenho das políticas e a sua implementação, ou se tiver um problema de saúde ou familiar, nesse dia, direi", rematou.
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