Nas semanas que antecederam as eleições, "foram detetados alguns casos de coordenação entre contas e redes anónimas", embora sem evidências de "controlo automatizado", através de bots', ou através de operações externas, com origem noutros intervenientes estrangeiros, segundo um relatório do MediaLab, Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), em Lisboa.
Este relatório resulta de um projeto entre a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o MediaLab do Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES) do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE), em Lisboa, com vista a aferir a desinformação e os conteúdos a circular nas redes sociais e meio 'on-line' no período pré-eleitoral.
Os investigadores detetaram ainda perfis nacionais "muitas vezes anónimos ou pseudónimos" que atuavam "em rede para amplificar conteúdos alinhados com o discurso do partido Chega".
Essas contas, com grande "sobreposição de seguidores e partilhas sincronizadas", conseguiram atingir "centenas de milhares de visualizações em momentos-chave, como no dia de reflexão", no sábado, véspera das eleições, em que a lei portuguesa impede os media de noticiarem ações de campanha.
Em números, a rede de ativistas digitais, que publicava no Instagram, teve um total de 850 mil impressões e visualizações do conteúdo publicado apenas num dia, 17 de maio.
O relatório identifica várias contas envolvidas na disseminação de 'posts' e publicações relacionadas com narrativas dirigidas "contra adversários políticos e sistematicamente favoráveis ao partido Chega".
O coordenador do projeto, o sociólogo Gustavo Cardoso, alertou, antes da campanha eleitoral, para o risco de Inteligência Artificial (IA) poder potenciar a desinformação. Agora, no relatório conclui-se não haver evidência de automação na disseminação destes conteúdos.
Pelo contrário, os dados mostram que esta grande disseminação de publicações "resulta de uma bem-sucedida ativação de ativistas digitais altamente motivados, que nalguns casos poderão gerir mais do que uma conta".
Ao contrário do que aconteceu na campanha para as legislativas de 2024, a equipa da MediaLab não encontrou indícios de interferência externa direta na campanha. Há um ano, os investigadores encontraram esses indícios com a publicação de anúncios 'on-line' contra PSD e PS.
Para este projeto do MediaLab, CNE e Lusa, de que foi agora publicado o relatório final, os dados foram recolhidos pelos investigadores nas redes sociais Facebook, Instagram, X, Tiktok e Youtube, com recurso a ferramentas 'on-line'.
O sociólogo Gustavo Cardoso foi o coordenador do projeto para aferir a desinformação e os conteúdos a circular nas redes sociais e meio 'on-line' no período pré-eleitoral. Da equipa MediaLab também fazem parte José Moreno, Inês Narciso, Paulo Couraceiro e João Santos.
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