Segundo o primeiro-ministro, que falava no debate do Programa do Governo, na Assembleia da República, "não será difícil" continuar a estabelecer convergências com o PS "na política externa, na política europeia" e também "na área da defesa".
Antes, numa intervenção em nome do seu partido, José Luís Carneiro, candidato único a secretário-geral do PS, perguntou a Luís Montenegro "com quem quer estabelecer o diálogo".
"Nós faremos diálogo político com todas as forças políticas com representação neste parlamento. Evidentemente que nós não nos esquecemos das responsabilidades históricas, do sentido que em muitas ocasiões o PS teve de convergência connosco em aspetos fundamentais", começou por responder o primeiro-ministro.
Dirigindo-se a José Luís Carneiro, Luís Montenegro prosseguiu: "Senhor deputado, nós não excluímos ninguém e nós sabemos bem quem mostrou já muitas vezes estar à altura dessa responsabilidade. E logo veremos se há novos protagonistas e novas forças a demonstrar também esse sentido. Às vezes temos fundadas dúvidas".
"Portanto, logo veremos quem é que tem esse sentido de responsabilidade. Há uma coisa que pode ter a certeza: nós não vamos nunca diminuir o PS, nós não vamos nunca deixar de fazer um diálogo franco, aberto, leal, verdadeiro, genuíno, autêntico com o PS. Não vamos deixar de o fazer", acrescentou.
O primeiro-ministro e presidente do PSD considerou que José Luís Carneiro demonstra querer manter "esta forma de estar dos dois partidos que até hoje assumiram a liderança dos governos democraticamente escolhidos pelos portugueses em Portugal", o que saudou.
Na sua intervenção, José Luís Carneiro afirmou que o PS não será "o suporte do Governo" no parlamento, mas sim "uma bancada da oposição responsável, firme, construtiva e alternativa", disponível para convergências.
José Luís Carneiro manifestou-se disponível "para o reconhecimento do Estado da Palestina como um Estado soberano", no quadro da União Europeia, e para "o esforço dos 2% do Produto Interno Bruto (PIB)" na defesa que resulte "na constituição de um plano industrial militar".
"Na segurança interna contará connosco, senhor primeiro-ministro, para pôr em prática a estratégia de segurança urbana, para pôr em prática a estratégia de proteção civil preventiva, para cuidar do planeamento civil de emergência, particularmente na proteção das infraestruturas críticas nacionais", referiu o ex-ministro da Administração Interna.
O candidato a secretário-geral do PS manifestou-se disponível para convergências em matéria de justiça, considerando que é possível "ir bem mais longe do que os lugares comuns que estão no programa do Governo e enfrentar de uma vez por todas os desafios do setor, convocando todas as partes".
"Em relação à reorganização do Estado pode também contar com o PS, para construirmos uma Administração Pública mais motivada, mais mobilizada, para a eficiência da despesa pública, a eficiência do Estado e a garantia de serviços públicos de qualidade em Portugal e nas comunidades portuguesas no estrangeiro", acrescentou.
Neste ponto, desafiou o primeiro-ministro a aprovar "a despartidarização dos lugares de chefia da Administração Pública".
Luís Montenegro congratulou-se pela "disponibilidade de aproximação nas matérias da segurança interna" manifestada por José Luís Carneiro, apesar da "mudança de política face àquilo que vinha do antecedente e que tinha, aliás, também a sua responsabilidade direta".
"É importante saber que o PS também colaborará na reforma do Estado, na reforma da Justiça, na necessidade que temos de ter um bom sistema de emergência e de proteção das infraestruturas críticas. Nós aproveitaremos essa disponibilidade", declarou o primeiro-ministro.
[Notícia atualizada às 12h26]
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