Num pedido dirigido ao presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, a deputada única do BE, Mariana Mortágua, refere que na terça-feira à noite um ator da companhia de teatro A Barraca foi agredido por um grupo de extrema-direita, em Lisboa, quando entrava para um espetáculo.
"Há muito que o Bloco de Esquerda denuncia a ação perigosa de grupos de extrema-direita que atacam e procuram intimidar profissionais da cultura, profissionais de saúde e ativistas sociais e políticos que defendem os direitos humanos. Estas atuações da extrema-direita não estão, infelizmente, a ter o tratamento que deviam por parte dos poderes públicos", critica a deputada.
A bloquista recorda que em abril o partido já tinha questionado o Governo sobre a eliminação de um capítulo dedicado a organizações extremistas na versão final do Relatório Anual de Segurança Interna (RASI) e nota que "ainda hoje continua por explicar por que razão esse capítulo não aparece na versão oficial que chegou ao parlamento".
"Por estes motivos, proponho que a próxima Conferência de Líderes discuta o agendamento do debate do RASI 2024 com a presença do Governo", lê-se no documento, dirigido a Aguiar-Branco.
Em abril, PSD, CDS e Chega rejeitaram um requerimento do BE para que a comissão permanente da Assembleia da República debatesse, com a presença do Governo, a eliminação deste capítulo.
Esta rejeição foi fortemente criticada por PS, PCP e Livre, que acusaram PSD, CDS-PP e Chega de terem a "segurança na boca", mas não a quererem debater no parlamento.
Numa resposta enviada à Lusa na altura, o Sistema de Segurança Interna (SSI) admitiu que existiu uma "versão de trabalho" do RASI que incluía informação sobre organizações extremistas, diferente da "versão oficial" apresentada na reunião do Conselho Superior de Segurança Interna.
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