Paulo Raimundo diz que se deve investir "tudo" na paz e não na guerra

 O secretário-geral do PCP defendeu este sábado que Portugal deve investir "tudo" na diplomacia para alcançar a paz, em vez de gastar 5% do Produto Interno Bruto (PIB) para se "armar até aos dentes".

Paulo Raimundo, PCP, CDU, campanha 2025,

© Rita Franca/NurPhoto via Getty Images

Lusa
07/06/2025 14:10 ‧ há 6 horas por Lusa

Política

PCP

"Se gastassem um doze avos do dinheiro que querem gastar na guerra a investir na diplomacia, nas viagens para as conversas, nos contactos telefónicos, nos telefones por satélite - há tanta coisa ao dispor hoje -, não tínhamos chegado à situação a que chegámos. Nunca", disse Paulo Raimundo, referindo-se à guerra na Ucrânia.

 

O líder comunista, que falava aos jornalistas no final de uma sessão pública no jardim marginal de Viana do Castelo, admitiu que o caminho da diplomacia "é muito difícil", mas alertou que "os povos não precisam de guerra, precisam de paz".

"Que se invista tudo na paz. É difícil, muito difícil. Não pode é haver hipocrisias nem cinismos. Não podemos estar neste investimento todo na guerra, no armamento e, depois, perante um genocídio que está a acontecer em Gaza, na Palestina, nada. Há umas bocas, umas condenações verbais, nada. Não vamos a lado nenhum assim", afirmou.

Paulo Raimundo referiu perceber "o que vai na cabeça dos que querem fazer negócio com o armamento", mas não percebe "o que vai na cabeça de alguns".

"Portugal vai gastar 5% do Orçamento do Estado. A União Europeia vai gastar 800 mil milhões de euros em armamento. Ficamos armados até aos dentes contra o inimigo e o inimigo vai fazer o quê? [...] Vai rearmar-se e quando chegarmos ao fim desta brincadeira, entre aspas, que não é brincadeira nenhuma, o que é que vai acontecer? [...] Vamos à guerra aberta entre potências nucleares? Quem é que fica cá para contar a história?", questionou.

Segundo o dirigente, há quem esteja convencido de que vai cá ficar para contar a história, mas está enganado: "Isto, quando sobrar, sobra para todos, por mais fundo que for o 'bunker' de cada um. Nós não queremos isso."

O secretário-geral da NATO propôs na quinta-feira, oficialmente, que os líderes da organização concordem, na cimeira deste mês, em Haia, aumentar os gastos com defesa para 5% do PIB, para cobrir os custos das capacidades militares da organização.

"Vou propor um plano de investimento global que totalizará 5% do PIB em investimento na defesa: 3,5% do PIB para gastos puros com Defesa com base nos custos globais para atingir os novos objetivos de capacidade que os ministros acabaram de acordar e 1,5% do PIB anual em investimentos relacionados com a defesa e a segurança, como infraestruturas e indústria", disse Mark Rutte, numa conferência de imprensa após uma reunião dos ministros da Defesa da Aliança Atlântica.

Na semana passada, o ministro português dos Negócios Estrangeiros, Paulo Rangel, recordou que Portugal é um membro fundador da Aliança Atlântica e vai cumprir os objetivos de investimento na Defesa.

"Obviamente que há aqui duas etapas, uma etapa é a etapa dos 2% [do PIB], em que Portugal não estava ainda no nível que é exigível para os países da NATO. Além disso, temos depois esta proposta dos 5%, mas, como sabe, o secretário-geral, Mark Rutte, dividiu isso em 3,5%, que será justamente de investimento na defesa no sentido mais clássico e tradicional do termo, e depois 1,5% em infraestruturas", especificou.

Na quinta-feira, o primeiro-ministro anunciou que Portugal vai antecipar o objetivo de atingir o investimento de 2% do PIB em Defesa "se possível já este ano", sem pôr em causa as contas certas ou funções sociais.

Na parte final do seu discurso de tomada de posse, no Palácio da Ajuda, em Lisboa, Luís Montenegro afirmou que este plano será ultimado "nos próximos dias" e desenvolvido "nos próximos anos", assegurando que dele dará "conhecimento prévio aos dois maiores partidos da oposição", numa referência ao Chega e ao PS.

"Nesse contexto, apresentarei na próxima cimeira da NATO a antecipação do objetivo de alcançarmos 2% do PIB nos encargos desta área, se possível já este ano de 2025", anunciou.

Leia Também: "Para onde é que vai a riqueza que está a ser criada?"

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