Em declarações aos jornalistas no parlamento, André Ventura disse ter falado com o atual presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, a quem transmitiu que, "após as conversações que existiram entre as bancadas para o início em funções do novo parlamento, o Chega daria suporte e daria anuência à indicação do partido mais votado, neste caso a AD, para os órgãos de gestão da Assembleia da República".
O PSD ainda não anunciou, formalmente, a proposta de recondução de José Pedro Aguiar-Branco como presidente do parlamento, mas este já se manifestou disponível para voltar a ocupar o cargo.
A eleição decorrerá na terça-feira à tarde, naquela que será a primeira reunião plenária da XVII Legislatura.
"O Chega decidiu não avançar com uma candidatura a presidente da Assembleia da República por entender que, não obstante ser o segundo partido mais votado, houve um partido com mais votação, neste caso uma coligação, e que deve caber a essa coligação a apresentação do candidato a presidente da Assembleia da República", disse André Ventura aos jornalistas.
Sobre os candidatos do Chega para a Mesa da Assembleia da República, Ventura afirmou que o partido vai indicar os mesmos deputados. Na legislatura que agora termina, Diogo Pacheco Amorim foi um dos vice-presidente da Assembleia da República, Gabriel Mithá Ribeiro foi secretário da Mesa e Filipe Melo exerceu a função de vice-secretário.
André Ventura disse também que o Chega transmitiu ao PSD que "não vai exigir nenhuma rotatividade no mandato de presidente da Assembleia da República, tal como aconteceu entre o PS e o PSD no mandato passado".
Na legislatura que hoje termina, o acordo de rotatividade entre PSD e PS sobre o presidente do parlamento resultou do facto de ambos terem o mesmo número de deputados, o que não acontece desta vez entre os sociais-democratas e o Chega. Ainda assim, a interrupção da legislatura impediu que o acordo se concretizasse na plenitude com o PS a presidir aos trabalhos da Assembleia da República.
Mesmo assim, o líder do Chega considerou que "não faz sentido" que um presidente da Assembleia da República "assuma a meio termo uma função" e não durante toda a legislatura, independentemente de quanto tempo venha a durar.
"O que foi feito na legislatura passada entre o PS e o PSD corresponde àquilo que de pior tem a política em termos de distribuição de lugares", criticou.
Ventura afirmou também que "a prioridade do Chega não é negociar lugares, nem garantir presidências".
O presidente do Chega alertou, no entanto, que "não significa um cheque em branco".
"O não querermos lugares e o não estarmos a exigir lugares não significa que não vamos fiscalizar o presidente da Assembleia da República, que ele não tenha que agir de acordo com a nova representatividade", afirmou, indicando ter tido, por parte de Aguiar-Branco, "garantias" de que "respeitaria integralmente este novo quadro político e este novo quadro de representatividade".
[Notícia atualizada às 18h20]
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