"Ficaremos em muito boas mãos para podermos projetar em cinco anos um período de regular funcionamento das instituições, sabemos com o que podemos contar, sabendo que não vem daí nenhuma surpresa", afirmou Luís Montenegro, na sua intervenção inicial no Conselho Nacional do PSD aberta à comunicação social.
De acordo com os estatutos do PSD, compete ao Conselho Nacional "aprovar as propostas referentes ao apoio a uma candidatura a Presidente da República".
O Conselho Nacional do PSD realiza-se poucas horas depois de o almirante Henrique Gouveia e Melo ter apresentado a sua candidatura à Presidência da República, na Gare Marítima de Alcântara, em Lisboa.
Perante os conselheiros nacionais do PSD, Montenegro recordou que no último congresso traçou um perfil para um candidato presidencial a ser apoiado pelo partido, que considerou encaixar no antigo líder do PSD Luís Marques Mendes.
"Temos alguém do nosso espaço político que é um anterior presidente do PSD, uma pessoa altamente qualificada que nós conhecemos muito bem e que o país também conhece bem e que apresenta características que são muito consentâneas e adequadas ao exercício da função do Presidente da República", disse.
Ironizando, Montenegro acrescentou que até tem uma característica "que não é propriamente a mais agradável para o PSD", provocando risos na audiência.
"É que nem sempre concorda com o PSD, mas isso é uma das características dos Presidentes da República que nós já elegemos", afirmou, referindo-se a Cavaco Silva e a Marcelo Rebelo de Sousa.
Para o primeiro-ministro indigitado, quer um, quer outro, deram mostras "da sua neutralidade, da sua imparcialidade no exercício da função", ainda que o PSD nem sempre tenha concordado com tudo o que defenderam.
Por outro lado, Montenegro defendeu que Mendes "conhece muito bem o alcance das competências do Presidente da República, conhece muito bem a forma como os órgãos de soberania se devem relacionar e como a estabilidade política e a governabilidade do país também dependem da magistratura de intervenção da Presidência da República".
"Nós sabemos quais são os seus princípios e valores, sabemos qual é a sua visão política", frisou, sem nunca se referir de forma direta ao adversário Gouveia e Melo.
Luís Marques Mendes tem 67 anos e foi militante do PSD desde os 16 anos -- tendo entregado o cartão partidário no dia em que anunciou a candidatura a Belém.
Por este partido, foi deputado, líder parlamentar e integrou Governos como secretário de Estado e ministro, ocupando o cargo de presidente do PSD entre 2005 e 2007.
Atualmente, é conselheiro de Estado escolhido pelo atual Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e foi comentador televisivo na SIC ao longo de mais de uma década, espaço do qual se despediu antes de se apresentar a Belém.
Nas últimas presidenciais, o PSD aprovou, na direção de Rui Rio, o apoio à recandidatura de Marcelo Rebelo de Sousa Belém em setembro de 2020, ainda antes de o próprio a ter anunciado, uma moção que passou sem votos contra (61 a favor e nove abstenções).
[Notícia atualizada às 23h32]
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