"Não é hora para fazer um congresso do PS, quando estamos a quatro meses das eleições autárquicas, com o verão e as férias pelo meio", disse Daniel Adrião, em declarações à agência Lusa, na sequência da derrota eleitoral do partido nas legislativas de domingo e do início do processo de sucessão de Pedro Nuno Santos, no sábado, na comissão nacional do partido.
Daniel Adrião, que foi quatro vezes candidato a secretário-geral no período das lideranças de António Costa e Pedro Nuno Santos, considerou que "o PS está, neste momento, em estado de exceção" e, por isso, deve fazer uma reflexão e concentrar-se nas autárquicas antes de escolher um novo líder.
"Defendo que o PS, em diálogo com a sociedade civil, deve fazer uma reflexão profunda que deve culminar numas eleições primárias abertas para a escolha do líder do partido e um congresso eletivo, estatutário e programático, em outubro ou novembro, Até lá a liderança deve ser assumida interinamente pelo presidente do partido, carlos César".
O ex-adversário de António Costa e Pedro Nuno Santos lembrou que o processo autárquico já foi afetado pela antecipação das legislativas e que não faria sentido voltar a prejudicá-lo com a eleição de um novo líder socialista.
Adrião alegou que "o PS sofreu a maior derrota da sua história porque, pela primeira vez, ao que tudo indica, deixou de ser a sua segunda força política parlamentar".
"Eu fui a única voz dentro do PS que no dia 10 de março, na comissão política nacional,se opôs à comissão parlamentar de inquérito ao caso da Spinumviva porque disse que o PS não podia tomar uma falha ética por um ilícito criminal e que devia ter esperado pelas conclusões da averiguação preventiva aberta pela Procuradoria-geral da República", afirmou, concluindo: "os portugueses não queriam eleições e por isso foi um erro o PS estar a forçar uma crise política".
A AD - Coligação PSD/CDS venceu as eleições legislativas de domingo, com 89 deputados, se se juntarem os três eleitos pela coligação AD com o PPM nos Açores, enquanto PS e Chega empataram no número de eleitos para o parlamento, 58.
A Iniciativa Liberal continua a ser a quarta força política, com mais um deputado (9) do que em 2024, e o terceiro lugar é do Livre, que passou de quatro a seis eleitos.
A CDU perdeu um eleito e ficou com três parlamentares, enquanto o Bloco de Esquerda está reduzido a uma representante enquanto o PAN manteve um deputado.
O JPP, da Madeira, conseguiu eleger um deputado.
Estes resultados não incluem ainda os eleitores residentes no estrangeiro, cuja participação e escolhas serão conhecidos a 28 de maio.
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