Legislativas. Marvila foi a única freguesia lisboeta em que Chega venceu

A freguesia de Marvila, localizada na zona oriental de Lisboa, com 35.463 habitantes, de acordo com dados do Censo 2021, foi a única na capital onde o Chega venceu nas eleições legislativas de domingo.

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Lusa
19/05/2025 14:29 ‧ há 5 horas por Lusa

Política

Legislativas

Liderada por José António Videira, eleito pelo PS, a freguesia de Marvila viu os seus eleitores, dos 32.380 inscritos, votarem no Chega, que ficou em primeiro, com 31,09% (6.103 votos), seguido do PS com 29,80% (5.849) e da AD (coligação PSD/CDS-PP) com 17,28 %(3.391). Uma diferença de 254 votos entre a primeira e segunda força mais votada.

 

Em declarações à Lusa, José António Videira considerou que o resultado obtido na sua freguesia, bem como no país, demonstra que as "pessoas estão fartas deste sistema, de ir às urnas", considerando tratar-se de "um voto de protesto".

"Há que fazer uma reflexão, que será longa", reconheceu o autarca, considerando que as eleições legislativas e autárquicas são "completamente distintas", pelo que os resultados podem não ser sequer idênticos.

Para José António Videira, nas eleições autárquicas, que serão disputadas em setembro ou outubro próximo, "há uma associação ao poder local, há proximidade entre os eleitores e os candidatos, há presença", o que refere ser diferente quando se disputam legislativas.

"Muitos não têm ligação com os eleitos e podem ver isto [eleições legislativas] como um voto de protesto, pensando: 'este partido nunca vai vencer, podemos votar à vontade'", afirmou, salientando que as pessoas "sentem-se desprotegidas e pouco realizadas e representadas".

O autarca sublinhou ainda a importância de se preservar a democracia, por considerar que "hoje está em risco a democracia e os valores de um país ocidental, de um país europeu".

Em 2024, nas últimas legislativas após a demissão de António Costa e de Marcelo Rebelo de Sousa ter dissolvido o parlamento, votaram em Marvila 20.402 eleitores, contra os 19.627 deste ano.

Então, em Marvila, a vitória foi do PS, com 37,18% (7.586 votos), seguido do Chega com 23,44% (4.782 votos) e da AD, coligação então formada por PPD/PSD/CDS-PP/PPM, com 15,13% (3.087 votos).

A AD venceu as eleições legislativas antecipadas de domingo, com 89 deputados, enquanto PS e Chega empataram no número de eleitos para o parlamento, com 58 cada.

Das 24 freguesias que compõem o concelho de Lisboa, a coligação Aliança Democrática (AD) foi a mais votada em 16 freguesias, seguida do PS em sete e o Chega estreou-se a vencer uma.

À Lusa, Tiago Gonçalves, da Comissão de Moradores e Utentes de Saúde de Marvila, explicou ter tido "alguns indicadores" de que as "coisas podiam mudar" justificando que "bastava andar na rua para sentir a revolta das pessoas para as políticas que têm vindo a ser praticadas".

"As pessoas estão revoltadas. Aquilo que o Chega consegue com este discurso populista é virar o povo contra o próprio povo", disse Tiago Gonçalves, que conhece de perto os problemas da freguesia na qual vivem "pessoas de origens muito diferentes" e onde há vários bairros sociais.

De acordo com este morador, "a instrumentalização que o Chega consegue é fazer com que a população, em vez de se preocupar com as grandes empresas e os seus lucros, vira-se para o subsídio que o vizinho recebe e se é maior que o seu".

"Não podemos confundir o povo com os inimigos que tem", disse Tiago Gonçalves, adiantando também esperar que, "quando as pessoas se começarem a preocupar, não seja tarde demais".

Já Marco Silva, responsável pela Marcha de Marvila, organizada pela Sociedade Musical 3 de Agosto, mostrou-se admirado com a evolução do Chega, tanto a nível nacional, como a nível da freguesia.

"Esta é uma zona de esquerda, independentemente do cabeça de cartaz, votava-se à esquerda e vencia. Para mim isto é o reflexo daquilo que tem sido feito pelo PS na freguesia, pode ter a ver com o resultado", explicou.

"Estou muito surpreendido e hoje vou andar por aqui [freguesia] mais em contacto com as pessoas para ver se percebo o que se passou", desabafou Marco Silva.

Leia Também: Chega realça crescimento em Santarém e PS defende "profunda reflexão"

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