Em declarações aos jornalistas numa ação de campanha na Serra da Arrábida, Setúbal, a líder do PAN, Inês de Sousa Real, considerou que Luís Montenegro "não compreende e não percebe" que "o bem-estar animal não se esgota na agricultura", lembrando que "metade dos lares [portugueses] têm animais de companhia".
"Temos que ter medidas de bem-estar animal para os animais que são detidos para fins de pecuária, mas essa visão de Luís Montenegro traduz uma visão até de alguma forma de desconhecimento profundo da realidade do que diz respeito à proteção animal em Portugal, como também até de desrespeito para com os agricultores", disse Inês de Sousa Real.
A porta-voz do PAN reagia às palavras do presidente do PSD e primeiro-ministro, Luís Montenegro, que defendeu hoje um equilíbrio entre agricultura e ambiente, considerando os agricultores "os maiores defensores" dos animais, e prometeu uma voz ativa na Europa na defesa deste setor e contra a burocracia.
Sousa Real acrescentou que "não são as touradas nem a caça" que "põem a comida na mesa dos portugueses", mas sim as pessoas que produzem hortícolas e que "trabalham nos mercados" a vender fruta e legumes".
"Isso não só denota uma profunda ignorância de Luís Montenegro em relação ao mundo rural, ao bem-estar animal e até àquilo que tem que ser uma política virada para assegurar e acautelar que temos hoje as melhores práticas para o bem-estar animal", atirou.
A líder do PAN interpretou as palavras de Montenegro como uma defesa do secretário de Estado da Agricultura - que Inês de Sousa Real acusou, esta manhã, de promover a violência contra animais por ter assistido e divulgado imagens de um espetáculo tauromáquico -, considerando essa posição "inaceitável".
Sousa Real lamentou ainda que o Governo não esclareça o que pretende fazer em relação à proibição de abate de animais de companhia, garantindo saber que o executivo "anda em reuniões de bastidores a querer voltar a abater animais em Portugal".
"E [sobre] essa pergunta, Luís Montenegro tem estado em silêncio. Nós sabemos que muito provavelmente a resposta dele é porque sim, é porque é essa a política que quer voltar a impor, mas o PAN cá estará para ser um contraponto a este Governo e acima de tudo para garantir que não temos recuos na proteção animal em Portugal", acrescentou.
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