À medida que a ida às urnas se vai aproximando, e as sondagens indicam que será a AD a ganhar, também surge a possibilidade de um outro partido se juntar.
Mas se a hipótese de uma coligação pré-eleitoral poderia mexer com a Direita - e o país -, nem todos desse lado do espetro político parecem felizes com a possibilidade.
O que está em causa?
A relação entre AD e Iniciativa Liberal (IL) foi tema nos últimos dias, marcados também pelas declarações do presidente do CDS-PP, Nuno Melo, que tem repetido que a coligação é apenas "entre dois partidos".
No domingo, no entanto, o presidente da IL, Rui Rocha, revelou que foi desafiado pela "direção e lideranças" do Partido Social Democrata (PSD) para uma coligação pré-eleitoral, mas não quis ser um "partido apêndice".
Já esta segunda-feira, o presidente do PSD, Luís Montenegro, foi questionado sobre a situação, mas optou por não responder, recusando confirmar ou comentar as palavras de Rui Rocha. Montenegro qualificou ainda o assunto como "mexericos políticos", e negou ainda que haja problemas com o CDS, partido que, com o PSD, faz dupla na coligação AD: "Nada disso", garantiu.
Que se seguiu?
Com Montenegro a não confirmar que fez a proposta aos liberais, ainda em Espinho, também Rui Rocha foi depois confrontado sobre o assunto, em Faro.
O líder da IL assinalou que Montenegro não desmentiu conversas do PSD com a IL e reiterou que "essa insistência aconteceu" e "não se trata de mexericos". Quanto a quem o contactou, respondeu que foram "as lideranças do PSD".
"Eu, sobre a questão dos mexericos, quero dizer que não se trata disso. Trata-se de ser transparente com os portugueses e de enquadrar os portugueses no contexto de declarações que foram feitas por responsáveis da AD. Não me parece que isso sejam mexericos", retorquiu Rocha.
E o CDS?
Questionado sobre porque é que pensa que Luís Montenegro não quis confirmar essas conversações, Rui Rocha reconheceu que as revelações que fez podem ter gerado "algum desconforto", mas frisou que decidiu fazê-las devido a declarações feitas por "responsáveis da AD" - numa referência ao presidente do CDS-PP, Nuno Melo, que disse que a coligação do seu partido "é com o PSD, não é com mais ninguém".
"Eu tenho de ser transparente com os portugueses, tenho de dizer que essa insistência aconteceu e que a IL, precisamente porque quer mudar o país, insistiu pela sua parte, e eu próprio na liderança da IL, que era absolutamente impossível fazer outra coisa que não fosse apresentar as nossas ideias ao país, desafiar o país para a mudança", afirmou.
O líder dos liberais notou, no entanto, que a IL "não é um partido de protesto" nem "uma solução de Governo para fazer igual ao que a AD fez", que foi "absolutamente insuficiente".
"Nós não existimos para passar certificados de bom comportamento à AD. Nós existimos para modificar o comportamento da AD", sublinhou.
Recorde-se que as eleições legislativas antecipadas ocorrem no próximo domingo, dia 18.
Concorrem 21 forças políticas: AD (PSD/CDS-PP), PS, Chega, IL, BE, CDU (PCP/PEV), Livre, PAN, ADN, RIR, JPP, PCTP/MRPP, Nova Direita, Volt Portugal, Ergue-te, Nós, Cidadãos!, PPM, PLS e, com listas apenas numa ou nas duas regiões autónomas, MPT, PTP e PSD/CDS/PPM.
Leia Também: Coligação pré-eleitoral? Rui Rocha recusa ter entrado em "mexericos"