"Este debate volta constantemente, constantemente PSD e PS tentam esta batota eleitoral", disse Catarina Martins à agência Lusa.
A bloquista falava no final de uma reunião com uma delegação da Associação Nacional de Freguesias (ANAFRE) na sede do partido, em Lisboa.
Para a coordenadora do partido, há no pacote de medidas apresentado esta manhã por António José Seguro, líder do PS, uma "batota para reduzir a proporcionalidade da representação democrática em Portugal e com isso ter o poder político refém do bloco central sem terem as vozes incómodas que hoje estão na AR".
"O BE tem feito várias propostas sobre transparência, sobre transparência do interesse público e privado. São propostas que levamos muito a sério. Mas há neste pacote apresentado esta tentativa, mais uma, de alterar administrativamente a lei para garantir o controlo a PSD e PS da AR", frisou a bloquista.
Referindo estudos que indicam que Portugal "não tem mais deputados que a média para a população que tem", Catarina Martins disse ainda que a apresentação desta manhã de Seguro pode ter "mais que ver com a campanha interna do PS" do que com outra coisa, e lamentou ainda que Seguro, "homem que tem defendido o interior", venha propor uma redução de deputados, o que significa que "o interior será menos representado".
O secretário-geral do PS anunciou hoje uma proposta de revisão da lei eleitoral para a Assembleia da República, com redução de 230 para 181 deputados e introdução do voto preferencial do eleitor em relação ao deputado.
Na mesma conferência de imprensa, tida na sede do PS, no Largo do Rato, em Lisboa, António José Seguro adiantou que proporá que a nova lei eleitoral entre em vigor já nas próximas eleições legislativas.
Para o efeito, o presidente do Grupo Parlamentar do PS, Alberto Martins, vai solicitar reuniões com os restantes líderes parlamentares, tendo como objetivo "alcançar um consenso superior aos dois terços" necessários para a aprovação da reforma do sistema político.
Na comunicação aos jornalistas desta manhã, Seguro apresentou também um projeto para reforço das incompatibilidades dos titulares de cargos políticos e altos cargos públicos, com obrigação da revelação de origem dos rendimentos e indicação das entidades pagadoras.
António José Seguro apresentou em conferência de imprensa, basicamente, onze propostas para aumento da transparência na atividade política e pública, visando "vencer a crise de confiança" entre os cidadãos e o regime democrático.