"Nas teses, tiramos a máscara ao PSD, CDS, Chega e Iniciativa Liberal, mas também ao PS, cuja submissão aos interesses do grande capital contrasta com ilusões que ainda persistem. Identificamos as condições de luta que enfrentamos, inseparáveis da evolução do país e do mundo e que nos mostram como é avassaladora a ofensiva ideológica e os poderosos meios que lhe dão suporte", declarou Vasco Cardoso, membro do Comissão Política do PCP.
No seu discurso perante o 22.º Congresso Nacional do PCP, que hoje começou em Almada, Vasco Cardoso afirmou que o seu partido conseguiu "sinalizar os perigos, mas também as potencialidades resultantes do prosseguimento da luta".
"As teses são uma denúncia corajosa das consequências da política de direita, da submissão do país ao processo de integração capitalista europeu e às imposições do imperialismo, cujo domínio cresce, tal como crescem as suas ambições de concluir o processo contrarrevolucionário. Uma ofensiva que se expressa, seja no anticomunismo, seja na projeção de ideias inerentes ao capitalismo e à ideologia burguesa, visando favorecer e perpetuar a exploração", completou.
A nível interno, o membro da Comissão Política do PCP advogou que, até se chegar à definição das teses, houve novamente "um longo debate preparatório que confirmou o envolvimento do coletivo partidário" - debate que, na sua perspetiva, é em si mesmo "um ato de afirmação de independência política e ideológica" e que é guiado pelos "juízo próprio" dos comunistas e pelos seus "critérios de classe na avaliação dos desenvolvimentos políticos, económicos e sociais".
Um processo que, segundo Vasco Cardoso, teve como base de orientação "o marxismo-leninismo, com o que este impele de avaliação concreta a cada situação concreta e de rejeição do oportunismo e do dogmatismo, assumindo-se como instrumento de análise e guia para a ação, não apenas para compreender, mas também para transformar o mundo".
Perante os congressistas, Vasco Cardoso assumiu que, em relação à conclusão deste trabalho político que antecedeu o congresso, "haverá lugar a algumas justificadas insatisfações".
"Teria sido desejável que em algumas organizações a participação tivesse sido mais ampla, que muitas das opiniões e observações expressas pudessem ter sido traduzidas em propostas concretas, que todos os camaradas tivessem tido a oportunidade de ler e refletir sobre o conjunto do documento", assinalou.
No entanto, logo a seguir, Vasco Cardoso secundarizou essas "justificadas insatisfações" e contrapôs a seguinte conclusão: "Mas é indiscutível que o debate realizado é a melhor prova do caráter profundamente democrático da nossa vida partidária, da ampla e assumida opção de estimular a participação e o envolvimento dos membros do partido".
De acordo com o membro da Comissão Política do PCP, foi travado um debate interno "em que todas as opiniões contaram".
"Um debate que confirma que não existe, na realidade portuguesa, nenhuma outra força política que leve tão longe a sua democracia interna. Não se subestime este importante património e métodos de análise e decisão coletiva", acrescentou.
O XXII Congresso Nacional do PCP começou hoje, em Almada, distrito de Setúbal, com a esperada participação de cerca de 1040 delegados. Estes 1040 delegados representam quase o dobro em comparação com o último congresso, que se realizou em novembro de 2020, durante o qual apenas participaram 600 delegados devido às restrições sanitárias resultantes da pandemia de covid-19.
O congresso termina no domingo, às 13:30, com o segundo discurso de fundo do secretário-geral do PCP, Paulo Raimundo.
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