Raimundo defende que país precisa imigrantes mas não "para obra A, B ou C"

O secretário-geral do PCP considerou hoje que Portugal precisa de imigrantes, com "direitos e deveres", mas não "para a obra A, B ou C" e acusou o Governo de criar uma "realidade de propaganda" no país.

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© Horacio Villalobos#Corbis/Corbis via Getty Images

Lusa
07/12/2024 17:14 ‧ 07/12/2024 por Lusa

Política

PCP

"São necessários trabalhadores no nosso país. E não é para a obra A, B ou C, isso quase dá vontade de dizer, 'não me digas que o Governo vai dizer que eles chegam já de capacete e de martelo na mão'. Nós não precisamos disso", defendeu Paulo Raimundo, em declarações aos jornalistas, no final de um encontro com moradores do Bairro Marquês de Abrantes, na Biblioteca Municipal de Marvila, em Lisboa.

 

O secretário-geral comunista foi questionado sobre a notícia de hoje do Jornal de Notícias segundo a qual o Governo pretende facilitar a entrada de imigrantes para concluir obras do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).

Salientando que "o país não tem recursos ilimitados", Paulo Raimundo frisou a necessidade de "garantir que todos aqueles que cá vivem e trabalham têm os mesmos deveres e os mesmos direitos".

Depois de o Governo ter revogado o mecanismo de manifestação de interesse, Paulo Raimundo notou que se chegou à conclusão que o PCP sempre defendeu e que "toda a gente sabia: são necessários trabalhadores no país".

"O que nós precisamos é de responder às necessidades do país, valorizando quem trabalha e quem cá está no nosso país, quem cá vive e cá trabalha, independentemente da sua origem, deve ter os mesmos direitos e deve ter os mesmos deveres. E deve estar de forma legal a trabalhar hoje na obra do TGV e amanhã se quiser num restaurante ou ser um cantor, ou ser não interessa o quê. Essa de ir buscar 'em função de'... já vimos esse filme", acrescentou.

Depois do encontro com os moradores do Bairro Marquês de Abrantes, em Marvila, Paulo Raimundo lamentou que persistam vários problemas nesta localidade, nomeadamente ao nível das condições de habitabilidade como infiltrações ou elevadores que não funcionam em prédios com população idosa.

"Nesta altura, em que toda a gente enche a boca com o problema da habitação, desculpem a expressão, é preciso que haja de facto resposta pública e exemplos concretos de que é possível que a habitação pública responda. E este é um bom exemplo que é preciso responder", defendeu.

Paulo Raimundo lamentou que existam "muitos problemas para resolver" e "pouca vontade política", apontando para um país que vive perante duas realidades: "a realidade da propaganda e a realidade da vida".

"O que eu não estou ainda convencido é se alguns que vivem na realidade da propaganda fazem porque acreditam mesmo nela ou porque querem desviar as atenções. E nós não precisamos de propaganda, nós precisamos é de resolver os problemas das pessoas, a vida real das pessoas", frisou.

Paulo Raimundo utilizou um exemplo abordado na reunião com estes moradores para deixar nova acusação ao Governo.

"As pessoas agradecem que as suas fachadas dos prédios estejam pintadas. É mais bonito estarem pintadas do que estarem degradadas. Agradecem, naturalmente. Só que façam-no depois de resolver o problema de obras interiores que são necessárias de fazer, o problema das infiltrações que são necessárias de fazer, o problema dos elevadores que são necessários de fazer. Do que é que vale uma fachada limpa se por dentro continua tudo por resolver? E o Governo parece estar um bocadinho assim", atirou.

Paulo Raimundo foi ainda questionado sobre o facto de a Ordem dos Médicos (OM) ter anunciado hoje que vai convocar para uma reunião todos os médicos que optaram por não ingressar no concurso para o internato médico, para identificar as suas razões, e preparar um plano para entregar à tutela.

O secretário-geral comunista negou que o país esteja "num quadro de falência de serviços" mas alertou que "as insuficiências são muitas" e apontou para a "aceleração de um caminho de desmantelamento dos serviços públicos" no país.

Leia Também: Pobreza em Portugal mostra necessidade de "choque salarial"

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