O ex-ministro social-democrata Miguel Relvas foi desafiado, na quarta-feira, a reagir às recentes declarações de Pedro Passos Coelho sobre a possibilidade de se candidatar às eleições presidenciais e respondeu que, "se fosse mais jovem, começava a pensar em ser monárquico". Defendeu também que "o importante, nestas funções e nestes cargos, é não demonstrar vontade de ir ao pote" e deu o exemplo de Cavaco Silva.
"Cavaco Silva, quando foi para primeiro-ministro, dizia que não era candidato e foi primeiro-ministro. Quando foi candidato a Presidente da República também dizia que não era e nós temos tido muito essa repetição", recordou Miguel Relvas, no espaço de comentário na CNN Portugal.
Relvas sublinhou também que, apesar de ser amigo de Passos Coelho, não é seu "porta-voz".
"Para isso têm de ouvir outro canal, não me podem ouvir a mim. Hoje ouvi Pedro Passos Coelho e penso que a questão presidencial é seríssima neste momento que estamos a viver na Europa e com as questões em França. O que se está a passar na Coreia é um bom exemplo", afirmou o ex-ministro do PSD.
O ex-primeiro-ministro Passos Coelho declarou na quarta-feira estar "fora da atividade partidária e política", e assim querer continuar, numa altura em que o seu nome é apontado como potencial candidato à Presidência da República.
Relvas recordou ainda uma entrevista que Marcelo Rebelo de Sousa deu ao Expresso, em junho de 2015, concordando com a ideia que o atual Presidente defendeu na altura, de que o chefe de Estado "tem de ser um construtor de pontes".
"Infelizmente, ele com uma mão metia à mina e com a outra defendia a ponte. Foi isso que tivemos nestes anos porque teve duas dissoluções, uma maioria absoluta caiu, não foi um bom exemplo, mas esse deve ser o princípio. O Presidente da República não pode ser alguém que tivesse sido treinado para comandar ou para obedecer", acrescentou.
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