Raimundo diz que OE serve "pequena minoria" quando "falta tanto ao país"

O secretário-geral comunista afirmou hoje que o Orçamento do Estado 2025 (OE2025), aprovado na sexta-feira, serve "a pequena minoria dos grupos económicos", quando "falta tanto ao país", acusando o PS de estar "ao lado do caminho errado do PSD e CDS-PP".

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Lusa
30/11/2024 15:24 ‧ há 2 semanas por Lusa

Política

OE2025

O líder do PCP, Paulo Raimundo, falava durante um almoço-comício no salão nobre dos Bombeiros Voluntários de Queluz (concelho de Sintra, distrito de Lisboa), no âmbito da campanha "Aumentar salários e pensões, por uma vida melhor", e foi aos bombeiros que começou por dirigir uma palavra.

 

"Esses bombeiros que, tal e qual como todos os outros trabalhadores, merecem uma vida digna, merecem melhores salários, merecem melhores condições de trabalho. E se há coisa que nenhum bombeiro deste país, nem os de Queluz nem de qualquer lado, precisa é de serem gozados como foram ontem [sexta-feira] na Assembleia da República. Nada disto valoriza os bombeiros", afirmou.

O secretário-geral comunista referia-se à presença dos Sapadores Bombeiros de Lisboa, na sexta-feira, junto ao Palácio de São Bento, a pedido do presidente da Assembleia da República, José Pedro Aguiar-Branco, para retirar pendões colocados na fachada pelo Chega.

Os bombeiros estiveram no local cerca de meia hora, mas acabaram por não ter de intervir uma vez que, à medida que se aproximavam das janelas, as faixas eram puxadas por elementos do partido, entre os quais o líder, André Ventura, a partir do interior.

Sobre o OE2025, aprovado com os votos favoráveis do PSD e do CDS-PP, a abstenção do PS e os votos contra dos restantes partidos, Paulo Raimundo declarou ser "uma peça ao serviço não dessa imensa maioria de quem trabalha e trabalhou, mas sim dessa pequena minoria dos grupos económicos".

Elencou depois o que "falta ao país", como profissionais de saúde, professores, elementos das forças de segurança, habitações, lares e creches, para concluir: "Falta tanto ao país. Mas a vastíssima maioria de forças na Assembleia da República, perante aquilo que falta, verga-se sob as ordens de Bruxelas, aplaude o excedente orçamental e, como sempre, garante que há contas certas, sim, mas para o grande capital."

Na sua intervenção, o dirigente reiterou ainda críticas que já tinha deixado ao PS na sexta-feira.

"O que é que faz o Partido Socialista? Enche o peito, faz umas juras, levanta a voz com proclamações e depois, no fim do dia, viabiliza o Orçamento do Estado proposto pelo PSD e o CDS. E, ao fazê-lo, coloca-se ao lado desse caminho errado que o PSD e o CDS querem para as nossas vidas", criticou.

"Ainda pior", sublinhou, o PS "liberta o Chega e a Iniciativa Liberal de ter de votar um orçamento com o qual estão profundamente de acordo".

Paulo Raimundo lamentou que o parlamento não tenha aprovado a proposta do PCP de subir as pensões em 5%, num mínimo de 70 euros, uma medida que, disse, beneficiaria três milhões de reformados, com um custo estimado de 1,8 milhões de euros. Em contrapartida, salientou, foi aprovada "a entrega de 1,8 milhões de euros em benefícios fiscais para os grupos económicos".

"Não é um problema de falta de dinheiro, não é um problema de falta de meios, é um problema de opções", lamentou.

O líder comunista referiu-se também à polémica sobre o fim do corte de 5% dos salários dos políticos, para afirmar que o PCP "é um partido de princípios".

"Na altura em que estamos, talvez seja adequado relembrar um dos princípios que temos neste partido: seja na Assembleia da República, seja nas autarquias, seja no Parlamento Europeu, seja nas assembleias de freguesia, o princípio dos eleitos do Partido Comunista Português é não ser nem prejudicado nem beneficiado. Esta é uma questão de fundo da qual não abdicamos, venha lá quem vier", comentou.

O secretário-geral lamentou também a cerimónia de comemoração, pela primeira vez no parlamento, do 25 de novembro.

"Lá estiveram na Assembleia da República a celebrar o 25 de Novembro, que não foi aquilo que gostariam que tivesse sido, lá estiveram contra Abril, porque esse foi o objetivo central daquela evocação. Lá estiveram alguns que, a pretexto do 25 de Novembro, mais parecia que estavam a comemorar o 28 de Maio [de 1926, golpe de Estado que conduziu ao Estado Novo]. É triste, mas é verdade", afirmou

Paulo Raimundo antecipou também o 22.º congresso do partido, entre 13 e 15 de dezembro, apelando para "mais militância, mais recrutamento, mais responsabilização de quadros e camaradas", para ter mais militantes "a lutar pela vida do povo".

[Notícia atualizada às 16h01]

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