"Incompetente ou mentiroso". BE quer chamar ministro da Educação à AR

O BE quer que o ministro da Educação explique no parlamento "se é incompetente ou mentiroso", após reconhecer que os números em que se baseou para avançar que havia menos 90% de alunos sem aulas não são fiáveis.

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© Blas Manuel

Lusa
29/11/2024 14:27 ‧ há 5 dias por Lusa

Política

Bloco de Esquerda

"Vamos chamar o ministro ao parlamento. Queremos que o ministro, número um, explique se é incompetente, se é mentiroso e porque é que o Governo andou a surfar esta propaganda quando foi avisado pela oposição de que os seus números não eram verdadeiros", afirmou a deputada do BE Joana Mortágua, em declarações aos jornalistas no parlamento.

 

A deputada acrescentou que o BE pretende questionar o ministro sobre que medidas vai tomar para "combater a falta de professores", que "não está resolvida",

O Expresso noticiou na quinta-feira que o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, reconheceu que as estatísticas avançadas pelo Governo segundo as quais, no primeiro período deste ano, houve menos 90% de alunos sem aula a pelo menos uma disciplina quando comparado com o ano passado, podem não corresponder à realidade.

"Ou Governo é tão incompetente e o ministro da Educação é tão incompetente que não consegue perceber sequer a dimensão do problema da falta de professores - e se não a compreende também será certamente incompetente para a resolver - ou então o Governo montou mais uma manobra de propaganda e mentiu deliberadamente ao país sobre a falta de professores e sobre a suposta solução para a falta de professores", acusou a bloquista.

Joana Mortágua admitiu que "o Governo pode ter sido induzido em erro" mas realçou que vários partidos da oposição alertaram para o facto de estarem a ser comparados universos de alunos distintos.

"O problema não estava na origem dos números, os números podem ser verdadeiros, a questão não é essa. A questão é que a conclusão que o Governo tirou a partir daqueles números era falsa, era uma conclusão forçada, feita para efeitos de propaganda", sublinhou.

Na ótica da deputada bloquista, o problema é que o executivo, "ao achar que tinha conseguido um belíssimo número de propaganda e uma belíssima capa de jornal para dizer que tinha resolvido o problema em 90%, entrou numa espiral de arrogância", mantendo que a comparação estava correta.

Hoje, em Bruxelas, o ministro da Educação anunciou que já pediu uma auditoria para esclarecer os diferentes números que recebeu sobre o número de alunos sem aulas no último ano letivo (2023-2024).

Na notícia do Expresso, lê-se que Fernando Alexandre reconheceu que "qualquer comparação com o ano letivo passado é neste momento impossível", tendo em conta os "dados contraditórios que recebeu dos serviços em diferentes momentos" e também "todas as dúvidas que surgiram, nomeadamente por parte do ex-ministro da Educação João Costa".

O Expresso refere que, após terem sido divulgados publicamente números por parte do PS e do ex-ministro João Costa que contrariavam os que estavam a ser comunicados pelo Governo, o Ministério da Educação pediu à Direção-Geral dos Estabelecimentos Escolares (DGEstE) que revalidasse os dados relativos ao ano letivo 2023/2024, "de modo a verificar a informação usada pela atual equipa do ministério referente a esse período".

Segundo o semanário, nessa resposta, a DGEstE indicava que "os alunos sem aulas desde o início do ano letivo eram 7.381" e, "no final do 1.º período eram 3.295", ou seja, números muito distantes dos 21 mil que o Governo identificava até agora e nos quais se baseava para argumentar que havia uma redução de 90%.

Leia Também: IL quer ouvir com urgência ministro da Educação após 'mea culpa'

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