Esta posição foi manifestada pela deputada única do PAN, na Assembleia da República, depois de vários partidos terem dirigido duras críticas à ministra da Saúde a propósito dos problemas recentes registados no INEM.
Interrogada sobre a possibilidade de demissão da ministra da Saúde - pedida hoje pelo BE de forma direta e depois de PS e Chega terem pedido ao primeiro-ministro que avalie se há condições para Ana Paula Martins se manter no cargo - Inês Sousa Real admitiu que a governante se encontra numa situação de "fragilidade política", mas não foi tão longe.
"As condições em que se encontra o SNS não se devem apenas e exclusivamente a este Governo, mas sim aos sucessivos governos PS e PSD e nessa medida entendemos que apesar da situação de fragilidade política da ministra não se resolve com comissões parlamentares de inquérito", considerou, numa referência ao facto de a IL ter hoje admitido a possibilidade de um inquérito parlamentar sobre a situação da emergência médica em Portugal.
A deputada única apelou a um maior investimento no SNS e nas carreiras de diversos profissionais de saúde, e frisou que "este é o tempo do compromisso político e não do 'show off'" através da "banalização das comissões parlamentares de inquérito".
Inês Sousa Real considerou "preocupante que a senhora ministra tenha demorado mais de uma semana a sentar-se à mesa com os sindicatos e que tenha sido precisa a morte de mais de sete pessoas para que efetivamente se tenha conseguido chegar a um princípio de uma solução", referindo-se ao facto de o Sindicato dos Técnicos de Emergência Pré-Hospitalar (STEPH) ter decidido hoje suspender a greve às horas extraordinárias depois de ter assinado um protocolo negocial com o Ministério da Saúde.
Para o PAN "há ainda um longo caminho a percorrer" para que se garanta o "número de técnicos que permitam, em matéria de emergência médica, dar a resposta que é necessária".
"É fundamental olharmos não apenas para os técnicos de emergência médica, mas também para outros técnicos, como os técnicos superiores de diagnóstico ou até mesmo para os técnicos auxiliares de saúde e perceber as várias fragilidades do ponto de vista de recursos humanos que o SNS tem, porque não podemos deixar cair o SNS e é fundamental que haja respostas efetivas, quer de valorização das carreiras, quer da resposta dada a estas matérias da urgência", sublinhou.
O INEM anunciou quarta-feira medidas de contingência para otimizar o funcionamento dos centros de orientação de doentes urgentes (CODU), como a criação de uma triagem de emergência para chamadas com espera de três ou mais minutos.
As medidas do INEM enquadram-se numa estratégia para melhorar a resposta, na sequência dos atrasos de atendimento das chamadas no CODU que, alegadamente, causaram a morte de sete pessoas.
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