OE? "PS nunca irá votar a favor", mas "há esperança na viabilização"
O antigo líder do Partido Socialista comentou a eventual viabilização do Orçamento do Estado para 2025, assunto que esteve em cima da mesa esta semana. Luís Marques Mendes considerou que discursos nas 'rentrées' dão "esperança" ao país na medida em que parece que uma crise política não está à 'espreita'.
© Partido Social Democrata/Flickr
Política Luís Marques Mendes
O social democrata Luís Marques Mendes comentou, este domingo, as 'rentrées' políticas que marcaram o fim de semana, nomeadamente, os discursos de Luís Montenegro e Pedro Nuno Santos.
"Acho que os dois discursos do dia de hoje, Luís Montenegro de manhã, Pedro Nuno Santos à tarde, são dois bons discursos e dois discursos que nos dão esperança. Esperança na aprovação do Orçamento, viabilização, mais correto. O Partido Socialista nunca irá votar a favor, mas, portanto, apostando na abstenção. Esperança na viabilização do Orçamento, esperança em que não haja nenhuma crise política - que acho que todos os portugueses, da Direita à Esquerda, desejam", começou por dizer no seu espaço de comentário na SIC Notícias.
Considerando que ambas as manifestações "não escancararam portas, mas deixaram as portas abertas à negociação" do documento, Marques Mendes apontou: "Uma coisa muito positiva. Não fecharam portas".
O comentador salientou a clareza e boa estrutura apresentada por Pedro Nuno e referiu que há pontos importantes nesta intervenção, dado que o "reconhecimento de erros" na governação socialista anterior deu ao líder do PS "credibilidade". Marques Mendes caracterizou o discurso de combate na oposição como "forte", sobretudo em áreas da saúde e fiscal. "Claro que aqui tem um problema: Governo tem cinco meses de vida, não cinco anos", referiu.
Marques Mendes analisou ainda que o "primeiro sinal" de que Pedro Nuno está "com vontade de viabilizar o Orçamento do Estado foi quando disse que o "uma das grandes tarefas do PS a seguir ao Orçamento é lançar os chamados estados gerais". "É um sinal de que se a seguir quer lançar estados gerais, significa que vamos ter Orçamento e que não vamos ter eleições. Pode-se interpretar noutro sentido, mas é um sinal", defende, acrescentando que mesmo as matérias sob as quais o PS impõe condições poderão ser negociáveis, dada a abertura demonstrada.
Já quanto ao discurso de Luís Montenegro, Marques Mendes referiu que a intervenção foi "afirmativa", mas também "construtiva". "No Pontal, falou para pensionistas e reformados, e hoje falou para os jovens", destacou.
"Relativamente ao Orçamento, acho que [Montenegro] foi suficientemente claro para ser credível e foi suficientemente enigmático para pressionar as negociações", notou, dando conta de que o primeiro-ministro foi claro ao "mostrar que quer o Orçamento aprovado" e que está aberto a negociações em setembro. "Foi claro em mostrar que a negociação decisiva será com o Partido Socialista, porque ele próprio recordou que o Chega se auto-excluiu", apontou.
Em relação ao ter sido "enigmático", por forma a pressionar a negociação, Marques Mendes defende que esta aconteceu quando Montenegro diz "basicamente isto": "Sei que o país está com o Governo, só não sei se a oposição está com o país".
'Troika'? "Maria Luísa Albuquerque esteve do lado da solução e não do problema"
Em relação à indicação de Maria Luís Albuquerque para comissária europeia, escolha anunciada esta semana, Marques Mendes defendeu que esta era "previsível". "Porque tem uma relação antiga de intimidade política com Luís Montenegro. Achei previsível as críticas da oposição porque era mais ou menos óbvio que iriam acontecer. E também achei previsível que viessem um conjunto de traumas que existem do tempo da 'troika' porque, vamos ser francos: esses traumas existem", afirmou, referindo-se às críticas dos partidos que relembraram a atuação de Maria Luís Albuquerque, que na altura da 'troika' era ministra do Estado e das Finanças.
Mas além das reações, Marques Mendes considerou que a antiga governante tinha "perfil, experiência e currículo" para exercer o cargo, e exemplificou com o 'apoio' dado nesta escolha por António Vitorino. "Não é só por ser do Partido Socialista. António Vitorino é ex-comissário e um ex-comissário que fez um grande lugar - portanto, conhece as situações", sublinhou.
Ainda recordando as críticas dizendo que Maria Luís Albuquerque era "o rosto da 'troika'", Marques Mendes acrescentou: "Sejamos honestos: se o ministro das Finanças dessa ocasião fosse socialista e se fosse um governo do PS, as medidas a aplicar naquele período eram basicamente as mesmas do que aquelas que aplicou Maria Luís Albuquerque. Por uma razão muito simples: Quem mandava naquela ocasião era a 'troika'. Eram os credores. Não era o governo".
Marques Mendes considerou que o então Executivo de Pedro Passos Coelho falhou no plano da comunicação, mas que nas medidas "a 'troika' não deixava fazer de outra maneira". "Tirando a questão da comunicação e do discurso, ela esteve do lado da solução e não do lado do problema. Acho que é mais justo colocar as coisas assim", rematou.
[Notícia atualizada às 21h42]
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