"Esta campanha foi pouco prestigiante porque tivemos como adversário Miguel Albuquerque, investigado pela Justiça por casos de corrupção", diz o candidato em segundo lugar na lista, Gil Canha, citado numa nota divulgada no Funchal sobre a iniciativa de hoje, que não foi atempadamente informada.
No último dia da campanha eleitoral, o candidato considerou que estas eleições regionais "deviam ter sido disputadas com Manuel António", o ex-secretário do Ambiente e Recursos Naturais, que foi derrotado, pela segunda vez, nas últimas internas do PSD/Madeira, por Miguel Albuquerque, que lidera o partido desde 2015.
Segundo a nota, Gil Canha apelou ao voto no PTP para "dar força aos que têm provas dadas de luta e combate aos 'vampiros' do Orçamento Regional".
"A nossa cabeça de lista [Raquel Coelho] não é política de profissão, tem o seu trabalho, tem o contacto no dia-a-dia com as dificuldades que as pessoas sofrem, ao contrário de muitos candidatos que fazem da política profissão", declarou.
Acrescentou, ainda, que a candidata, que já foi deputada na Assembleia Legislativa da Madeira e é deputada municipal na Câmara do Funchal, "tem a sua atividade profissional" e "conhece os reais problemas da população".
O PTP já teve três deputados na Assembleia Legislativa da Madeira (com as eleições de 2011), mas foi afastado do parlamento regional em 2019.
Nas regionais de 2015, o partido integrou a coligação Mudança (PS/PTP/PAN/MPT), que se desintegrou após o sufrágio, e ficou reduzido a um deputado.
A história do PTP está marcada pela atuação do pai da cabeça de lista, o controverso dirigente José Manuel Coelho, que protagonizou, enquanto deputado regional, alguns episódios mediáticos no parlamento, como a ostentação de uma bandeira nazi ou o uso de um relógio de cozinha ao peito.
Também chegou a despir-se no plenário, ficando em roupa interior, em protesto por ter sido condenado a pagar indemnizações a várias figuras regionais em processos judiciais, sobretudo por crimes de difamação.
O PTP, que nas eleições de 09 de outubro de 2011 conquistou 10.115 votos (6,87%), viu a sua votação reduzida para 1.369 votos (1,04%) nas últimas regionais em 24 de setembro de 2023.
As legislativas da Madeira decorrem com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.
As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.
Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.
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