Portugal tem de ter "como ambição" ser um “contribuinte líquido da UE"
Luís Montenegro centrou o seu discurso nos desafios do futuro do país na Europa, defendendo que temos de ser mais ambiciosos naquele que deve ser o nosso papel na União.
© Lusa
País Montenegro
O primeiro-ministro participou, esta manhã, na Conferência ‘Europa - Que futuro?’, promovido pelo programa 'Sociedade Civil', da RTP 2. No discurso que protagonizou, Luís Montenegro lembrou a importância de fazer parte da União Europeia, lembrando que “somos parte ativa deste projeto”.
O social-democrata começou por considerar que “falar hoje do futuro da Europa implica que possamos fazer um balanço do que o nosso processo de adesão em 1986”.
“Esse processo trouxe inegáveis benefícios e crescimentos de qualidade de vida”, disse, lembrando “o desenvolvimento e social que ainda não conhecíamos” e a liberdade ganha ao poder circular “num espaço que anteriormente não era tão facilitado e que acabou por nos conferir o sentimento de pertença - que ainda não é pleno mas é cada vez maior”.
Na sua intervenção, Montenegro recordou que quando Portugal aderiu à então Comunidade Económica Europeia o seu PIB per capita era é de 58% da média europeia e hoje é de 75%, salientando, contudo, que a maior aproximação foi feita até ao ano 2000, quando chegou aos 71%.
"O que quer dizer que o ritmo nos primeiros 15 anos foi brutal de aproximação e o ritmo de 20/25 seguintes foi praticamente de estagnação", referiu. Por isso, defendeu que o país "não pode eternizar esta trajetória" e tem de "mesmo de estar na linha da frente".
Montenegro defendeu que “somos tão portugueses como europeístas” e que deve ser com esta premissa que temos de olhar para o futuro, querendo ser não só um país “que faz parte da coesão” mas um país que é “um contribuinte liquido da UE”.
“Se não tivermos esta ambição estaremos a eternizar uma situação de dependência e de estar sempre à espera de uma ajuda e não a ser um contribuinte do espírito de solidariedade com aqueles que mais necessitam”, reforçou, criticando o facto de haver países que entraram na UE depois de Portugal e que estão mais desenvolvidos.
Caso contrário, alertou, Portugal vai eternizar "uma situação de dependência", e estar "sempre à espera de uma ajuda".
"Para isso precisamos de fazer um uso muito criterioso dos fundos à nossa disposição. Temos de fazer essa autocrítica: não aproveitámos suficientemente, devíamos ter hoje melhores resultados face aos apoios que tivemos nos últimos anos", disse.
Montenegro defendeu que o país tem de olhar com esse "espírito de autocrítica" para a execução dos fundos comunitários do PRR e do PT2030.
"Um país que invista de forma estratégica e não a pensar no efeito imediato como por vezes acontece, em que temos de gastar o dinheiro se não vamos perdê-lo: esta não é mentalidade de quem quer estar no pelotão da frente", referiu, retomando uma expressão muito usado pelo antigo primeiro-ministro e Presidente da República Cavaco Silva.
O primeiro-ministro culminou o discurso deixando nas mãos dos portugueses e portuguesas a responsabilidade do futuro de Portugal na Europa, incentivando-os a ir votar e escolher aqueles que querem que sejam os representantes de Portugal na UE, no próximo dia 9 de junho.
"As escolhas que tomamos em Portugal são cada vez mais decisões tomadas no âmbito europeu", salientou.
Luís Montenegro abriu hoje a conferência 'Europa, que futuro?', que integra o ciclo de 'Conferências da RTP/Sociedade Civil', que decorre hoje no Centro Cultural de Belém, e assinala o Dia da Europa.
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