Em declarações aos jornalistas após ter visitado a exposição "Factum", do fotógrafo Eduardo Gageiro, em Lisboa, Paulo Raimundo considerou que a defesa do regresso do serviço militar obrigatório está a ser feita "no quadro de um acentuar do discurso balístico, do armamento e da guerra".
Para o líder do PCP, já "bastava essa corrida ao armamento" para se querer agora engrossá-la "com carne para canhão".
"Essa conversa vem a propósito de um intensificar da guerra, e nós não precisamos de guerra, nós precisamos é de paz, nós não precisamos de armamento, nós precisamos é de um caminho de desmantelamento da corrida armamentista, e nós não precisamos de carne para canhão, precisamos é de valorizar os profissionais atualmente, dar salários, carreiras aos militares em exercício", defendeu.
Paulo Raimundo manifestou-se assim contra o serviço militar obrigatório, salientando que não se está a falar do serviço na conceção que se tinha antes de ele acabar, em 2004.
"Nós estamos a falar de um serviço militar obrigatório como uma resposta às necessidades que alguém quer, para uma guerra que alguém mas que nós não defendemos. E isso seria um desastre, como podemos calcular", frisou.
Esta sexta-feira, num artigo no Expresso, o Chefe do Estado-Maior da Armada, Henrique Gouveia e Melo, afirmou que pode vir a ser necessário "reequacionar o serviço militar obrigatório, ou outra variante mais adequada", de forma a "equilibrar o rácio despesa/resultados" e "gerar uma maior disponibilidade da população para a Defesa".
Esta posição foi também partilhada pelo Chefe do Estado-Maior do Exército, Eduardo Ferrão, que, em declarações ao Expresso, defendeu que "uma reintrodução do serviço militar obrigatório justifica-se ser estudada e avaliada sob várias perspetivas".
Entretanto, numa resposta à Lusa, o Estado-Maior-General das Forças Armadas remeteu a decisão sobre um eventual regresso do serviço militar obrigatório para o Governo, mas salientou que esta hipótese não irá "solucionar, pontualmente, desafios de gestão de efetivos".
O serviço militar obrigatório terminou em 2004. O seu fim foi aprovado em 1999, por um executivo liderado pelo socialista António Guterres, ficando estabelecido um período de transição de quatro anos.
A passagem para a profissionalização ficou concluída em setembro de 2004, dois meses antes da data prevista, 19 de novembro, com o centrista Paulo Portas como ministro da Defesa.
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