"Triste". São Vicente e Ventosa 'ameaça' ter ainda mais votos no Chega

São Vicente e Ventosa foi a freguesia que, nas últimas eleições legislativas, mais votou no Chega, mostrando agora sinais de que a tendência poderá prevalecer - e até adensar-se - no sufrágio do próximo domingo. Moradores deste "tranquilo lugar de casas caiadas de branco" garantem ser um ato de revolta. Autarca socialista admite que é "um voto contra o Governo central".

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© Pedro Nunes / Reuters

Notícias ao Minuto
06/03/2024 13:20 ‧ 06/03/2024 por Notícias ao Minuto

Política

Alentejo

Em 2022, a freguesia de São Vicente e Ventosa, que pertence ao concelho de Elvas, distrito de Portalegre, foi notícia depois de o Chega ter conseguido mais de 28% de votos nas eleições legislativas, tornando-se na segunda força política deste "tranquilo lugar de casas caiadas de branco", tradicionalmente de Esquerda.

Esta quarta-feira, a poucos dias das eleições legislativas de 10 de março, São Vicente e Ventosa volta a ter destaque internacional, através da Reuters. Contam os jornalistas Sérgio Gonçalves e Miguel Pereira que neste "antigo reduto comunista de 730 pessoas", os cartazes do partido populista de Direita são mais numerosos do que os dos restantes partidos e no ar paira a ameaça de a percentagem de eleitores no Chega aumentar ainda mais.

Um possível indicador "precoce" de que Portugal, que só vive em democracia há 50 anos, após a queda de uma ditadura fascista, "pode não estar imune ao crescimento da extrema-direita por toda a Europa".

Num pequeno café da freguesia alentejana a conversa centra-se muitas vezes na popularidade do Chega, com muitos habitantes locais, incluindo opositores do partido, a preverem, segundo a Reuters, que este poderá, depois de ter terminado apenas atrás do PS em 2022, tornar-se o partido mais votado desta vez em São Vicente e Ventosa.

"Pelo que ouço nas ruas, o Chega vai subir muito, o que é lamentável e triste", realça João Martins, de 61 anos. Para o comunista, é difícil entender a "mentalidade das pessoas", como é que o município de classe trabalhadora se virou "para a extrema-direita".

Já o presidente socialista da junta de freguesia, João Charruadas, de 38 anos, admite que é um voto no Chega é um "voto contra o Governo central", uma vez que acredita que "esta freguesia não é racista, não é xenófoba".

No entender do autarca, os baixos salários, o aumento dos preços e a falta de investimento público são as principais razões pelas quais muitos habitantes locais, incluindo aqueles que costumavam votar em partidos de Esquerda, "estão a dar um grande impulso à extrema-direita". Argumentos estes que parecem estar em sintonia com o que a Reuters ouviu pela freguesia.

“As pessoas estão a ficar indignadas com o sistema. Temos cada vez mais bandidos e corrupção no nosso país", atira, por exemplo, Mário Gonçalves, proprietário de um minimercado local, de 35 anos, assumindo que o seu voto no Chega é "um ato de revolta", embalado pelas promessas "atrativas" de anticorrupção do Chega.

Leia Também: "Voto na AD é um voto contra os direitos das mulheres. No PAN é a favor"

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