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O voo baixinho de Raimundo na primeira passagem por Évora

Évora já foi palco de altos voos da CDU em eleições passadas, mas hoje, na primeira passagem da caravana comunista pelo distrito no período oficial de campanha, o voo foi baixinho perante alguma indiferença das pessoas.

O voo baixinho de Raimundo na primeira passagem por Évora
Notícias ao Minuto

18:39 - 01/03/24 por Lusa

Política Eleições

Às portas da empresa Aernnova, que fabrica asas para aviões, o secretário-geral do PCP veio aproveitar a mudança de turno para entregar folhetos da Coligação Democrática Unitária (CDU, que junta PCP e PEV). "Amigo, posso deixar-lhe um documentozinho da CDU?", pergunta, repetidamente, agradecendo de seguida aos trabalhadores, quer aceitassem, quer seguissem em frente sem o papel nas mãos.

Com a concentração de pouco mais de uma dezena de pessoas da comitiva e da comunicação social junto ao portão, vários trabalhadores que vão entrar ao serviço até procuram contornar a agitação para evitar o contacto. Apesar da pouca recetividade inicial, Paulo Raimundo vai trocando algumas piadas com a deputada e candidata distrital Alma Rivera. "Com um rapaz jeitoso destes é mais fácil", atira, em alusão ao seu próprio rosto nos folhetos.

O vaivém de trabalhadores com os casacos escuros da empresa é uma constante junto ao portão, mas obriga a comitiva a reposicionar-se mais do que uma vez, para que Paulo Raimundo consiga distribuir primeiro os folhetos a quem passa. "Eles vêm de todos os lados, ainda dizem que não há operários", comenta.

Alguns aceitam o folheto quase sem olhar para o líder comunista, até que Paulo Raimundo encontra uma cara conhecida do passado e trocam um cumprimento mais expansivo. "É um amigo lá de Setúbal, lá da escola. O mundo é mesmo pequeno", conta a Alma Rivera, brincando ainda com o contraste entre o cabelo comprido do trabalhador que conhecia e a sua própria falta de cabelo.

"É engraçado como ele continua com o cabelo comprido e eu estou nesta figura. Uma vez, com 20 e poucos anos, fui ao médico de família -- quando ainda tinha -- e já me estava a cair o cabelo. Perguntei à doutora, 'há alguma coisa para a queda de cabelo?', e ela perguntou-me 'Tem alguém assim na família?'. Eu disse 'Tenho, o meu pai'. Ela perguntou, 'Tem dinheiro para gastar?', eu disse que não. 'Então conforme-se', e foi um descanso, nunca mais me preocupei com o cabelo", recorda, fazendo rir os que estavam à sua volta.

Pouco depois ouve-se um alarme, provavelmente a sinalizar o início do novo turno. Já não havia muitos mais trabalhadores a quem entregar os papéis que restam ainda nas mãos, passando então Paulo Raimundo às declarações aos jornalistas. Confrontado com as várias pessoas que não quiseram aceitar o folheto da CDU, o líder comunista relativiza e lembra que há razões para estes trabalhadores "terem perdido a confiança" nas respostas aos problemas.

"Nem todos aceitaram, é um facto. A grande maioria aceitou, como viram. Os que não aceitaram não fizeram cara feia. Não queriam, não há nenhum problema com isso. É mesmo assim. Se aceitassem todos com um entusiasmo grande dava logo cabo de toda a perspetiva de a gente desaparecer", afirma, continuando: "Outros experimentem fazer o mesmo. Nós vimos cá confrontar essa justa indignação, distribuir as nossas propostas, dar a cara".

Enquanto presta declarações, um carro passa a alta velocidade atrás da comitiva e ouve-se um grito pelo Chega. "É caso para dizer 'chega para lá'", graceja Paulo Raimundo, que recusa, porém, que o partido de André Ventura esteja a acelerar pela direita e a roubar votos à CDU no distrito de Évora, numa transferência de votos direta entre as duas forças políticas.

"Acho que alguém colocou essa narrativa e foi tudo atrás. Não há nenhum dado que demonstre isso. De facto, nas últimas eleições, em 2022, descemos. Não há nenhuma dúvida, mas quem subiu à nossa custa foi o PS, que encheu e agora vai despejar. E vai despejar para a CDU", reitera, concluindo: "Foi criada uma narrativa de que os nossos votos foram para o Chega e isso não tem nenhuma correspondência com a realidade. Aliás, vamos verificar isso no dia 10 de março".

Leia Também: Paulo Raimundo desvaloriza possíveis conversas do Livre com a direita

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