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PS tem de construir uma alternativa política

A ex-dirigente do BE Ana Drago recusou hoje a exclusão automática do PS na construção de uma alternativa política e criticou quem rejeita a possibilidade de exercício de governo, ficando-se pela "inconsequência" de posições de princípio.

PS tem de construir uma alternativa política
Notícias ao Minuto

14:56 - 13/07/14 por Lusa

Política Ana Drago

Estas posições foram assumidas pela ex-dirigente do Bloco de Esquerda Ana Drago, em entrevista à agência Lusa, na qual anunciou a sua demissão desta força política e a renúncia ao lugar de deputada da Assembleia Municipal de Lisboa.

Questionada sobre a forma como encara eventuais entendimentos com o PS, a ex-deputada bloquista apontou "diferentes setores" nesse partido, "o que é percetível até pelo atual debate interno em curso".

"Excluir à partida o PS de uma alternativa política que permita resguardar o país, o Estado social e permita oferecer um futuro diferente; excluir à partida o PS quando ainda está a fazer um debate interno e ainda não se sabe exatamente o que vai apresentar aos portugueses, isso é desistir da luta, é desistir de ter um Governo com uma parte da esquerda em Portugal. Acho que uma esquerda que sabe o que é fundamental tem de obviamente desafiar o PS para a construção de um eixo programático - um eixo que salvaguarde o que é fundamental e permita a construção de um futuro diferente. Esse é o desafio", sustentou Ana Drago.

Segundo a ex-deputada bloquista, "o problema da esquerda à esquerda do PS em Portugal, durante muitos anos, foi uma incapacidade de puxar o PS para a esquerda - e obviamente também houve indisponibilidade do PS para isso".

"Mas já não estamos em 1995 quando apareceu António Guterres, em 1999 quando apareceu o Bloco de Esquerda, ou em 2005 quando apareceu José Sócrates, porque o que está a acontecer em Portugal é um momento único, ninguém o previu, ninguém estava preparado para esta violência. O facto de estarmos a discutir a incapacidade de Portugal se voltar a reconstituir no prazo de uma ou de duas décadas torna necessário que quem está à esquerda consiga fazer um processo de análise entre o que é fundamental na nossa batalha política, o que estamos a defender e, em torno disso, construir compromissos políticos. Se não for possível, não é possível, mas esse esforço tem de ser feito", advogou, antes de voltar a insistir:

"Esse processo não pode obviamente começar pela eliminação automática de um conjunto de interlocutores, ainda antes de estar feito um processo de debate programático", salientou.

Confrontada com a ideia de "influência de Governo" presente no comunicado do Fórum Manifesto, mas que sempre foi recusada pela parte maioritária do Bloco de Esquerda, Ana Drago contrapôs: "Se as pessoas querem ter um partido para se sentirem dentro de um grupo de pessoas, que faz um conjunto de lutas políticas, mas sem consequências na estruturação da nossa vida? Creio que os partidos servem para oferecer escolhas políticas às pessoas que tenham uma consequência na sua vida. Tem de haver uma consequência e não pode ser uma afirmação de princípios que não tenha depois uma disponibilidade para levar avante (com todos os constrangimentos que conhecemos) uma via diferente deste empobrecimento perpétuo", sustentou a ex-dirigente bloquista.

Ou seja, de acordo com Ana Drago, "uma posição exclusivamente de princípio à esquerda, mas sem consequência alguma, tem pouca utilidade".

"Pode ser simpático para a consciência das pessoas, mas não tem consequências na vida dos cidadãos. É preciso ter forças políticas que ofereçam consequências às pessoas", contrapôs.

Interrogada sobre o facto de defender convergências políticas com protagonistas políticos em relação aos quais membros da direção do Bloco apontam falhas graves até no plano ético, Ana Drago respondeu: "Com mais de um milhão de desempregados, com as pensões a serem reduzidas, com a privatização de setores fundamentais para a sustentação do Estado social e para o desempenho da economia, com a fragmentação do Serviço Nacional de Saúde, não creio que a incapacidade de apresentar soluções aos portugueses se baseie nas relações pessoais e nas zangas que houve no passado - e acho isso pouco responsável face ao tempo que estamos a viver", reagiu.

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