O ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes, que integrou o primeiro Governo socialista de António Costa, analisou na segunda-feira o caso de duas gémeas de origem brasileira que receberam em Portugal, no Hospital de Santa Maria, o medicamento Zolgensma para a atrofia muscular espinhal, em 2019, com um custo total de quatro milhões de euros, alegadamente com o envolvimento do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
"Não vale a pena negar a realidade. As coisas são como são independentemente das razões ou da injustiça que possa existir por trás de cada um destes casos. Nós estamos aqui a alimentar os piores sentimentos do populismo relativamente à dignidade das instituições, ao seu prestígio e à sua honorabilidade", começou por dizer o ex-governante no seu espaço de comentário na CNN Portugal.
No entanto, Adalberto Campos Fernandes acredita "genuinamente" naquilo que "afirmou e disse" Marcelo Rebelo de Sousa sobre o "que se terá passado".
"Acho que o Presidente não terá tido nenhum comportamento ilícito. A única coisa é que podia ter feito esta declaração mais cedo", acrescenta o comentador, assumindo que, com uma "posição clara", Marcelo poderia ter "minorado estes efeitos".
De recordar que Marcelo Rebelo de Sousa convocou na segunda-feira uma conferência de imprensa no Palácio de Belém para esclarecer o envolvimento no caso que foi revelado por reportagens da TVI, transmitidas desde 3 de novembro, que relatam que duas gémeas de origem brasileira, que entretanto adquiriram nacionalidade portuguesa, vieram a Portugal em 2019 receber o medicamento Zolgensma para a atrofia muscular espinhal, o que representou um custo total de quatro milhões de euros.
O caso está também a ser analisado pela Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) e é objeto de uma auditoria interna no Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Norte, do qual faz parte o Hospital de Santa Maria. Também a Procuradoria-Geral da República confirmou já estar a investigar o caso.
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