"Eu acho que é importante que a direita passe a mensagem de que esta geringonça foi má. Foi má para o país e significaria mais carga fiscal, mais impostos, mais pobreza e mais atraso", afirmou o líder do Chega.
A ideia foi transmitida por André Ventura durante a intervenção que proferiu no Conselho Nacional, em Lisboa -- que se reuniu para convocar a sexta convenção do partido -- e foi depois reforçada em declarações aos jornalistas.
O presidente do Chega considerou que a geringonça "foi má na saúde, na educação, na carga fiscal, e há neste momento uma tentativa de branqueamento, sobretudo por parte de vários atores políticos, de que a geringonça foi boa e que, portanto, o que é necessário é não dar uma maioria absoluta ao PS, mas permitir a reinvenção da geringonça".
"A geringonça foi má para o país, tornou-nos mais pobres, mais atrasados, e tornou o sistema político mais fechado, mais permeável ao compadrio", insistiu.
De manhã, discursando na abertura de um encontro alargado do Conselho Estratégico Nacional do partido, o líder do PSD, Luís Montenegro, defendeu que as políticas do Governo da geringonça não terminaram em 2019, mas duram até hoje, e foram más "para a vida das pessoas".
"Não, a geringonça com os três partidos ou só com o PS foi má para a vida das pessoas", defendeu, considerando que foi a partir desse executivo que mais portugueses tiveram de recorrer aos privados quer na saúde quer na educação.
Questionado sobre a semelhança na mensagem, André Ventura disse que "já tinha isto escrito desde a meia-noite de ontem".
"Por isso não o imitei, e certamente não falei com Luís Montenegro sobre isto", indicou, considerando trata-se de "um acaso feliz".
O presidente do Chega defendeu ser "evidente aos olhos de todos que está a nascer o compromisso de uma nova gerigonça" à esquerda, mas disse acreditar que "a direita vai vencer as eleições", "pelo menos parlamentarmente".
"Seria impensável o PS vencer outra vez", salientou.
André Ventura indicou também que até às eleições legislativas de 10 de março não vai "perder muito tempo com o PSD", porque o seu adversário "é o PS".
"Nós vamos trabalhar para ter uma alternativa de governo, se o PSD não quiser, ficará na responsabilidade deles entregar o poder ao PS", salientou.
O líder do Chega disse que é importante a direita dizer que estará disponível no dia a seguir às eleições para "construir uma alternativa".
"Nós temos de tomar uma decisão, ou deixamos o país na pura ingovernabilidade, o que significará provavelmente eleições seis meses depois, ou aceitamos pôr de lado algumas coisas e governar. Da parte do Chega, o objetivo é governar, quero ver a mesma atitude da parte do único protagonista que interessa aqui, que é o PSD", afirmou.
E desvalorizou uma eventual coligação do PSD com outros partidos sem representação parlamentar: "Façam as alianças pré-eleitorais que entenderem, com os nomes que quiserem. Já sabemos como mais ou menos as intenções de voto estão, e isso não vai mudar por pôr partidos que representam 0,5% ou 0,8%".
Ventura considerou ainda que a direita "discutir se com o Chega sim, se com o Chega não, se com o Chega no parlamento, se com o Chega no Governo é negativo" e leva à perda de votos e a um afastamento do eleitorado.
"Isso é fazer o favor que a esquerda quer. Eu não vou fazer isso, vou discutir o país e apontar o dedo à esquerda pelo que aconteceu", indicou.
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