"Muito grave e perigoso o processo político iniciado por Sánchez"
Paulo Rangel entende que está em causa o Estado de Direito e que o processo "divide e radicaliza" a sociedade espanhola.
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Política Paulo Rangel
O eurodeputado Paulo Rangel considerou "muito grave e perigo o processo político" esta quinta-feira iniciado em Espanha por Pedro Sánchez, reeleito primeiro-ministro pelo parlamento do país com uma maioria absoluta de 179 votos a favor dos 350 deputados espanhóis.
Esta posição foi partilhada pelo social-democrata na rede social X (antigo Twitter).
"Muito grave e perigoso o processo político hoje iniciado pelo socialista Sánchez em Espanha. Grave porque põe em causa o Estado de Direito e os valores democráticos. Perigoso porque divide e radicaliza a sociedade espanhola e ameaça a unidade do país", escreveu.
Recorde-se que Sánchez obteve o 'sim' de 179 deputados de oito partidos, numa 'geringonça' de formações de Esquerda e Direita, regionalistas, nacionalistas e independentistas.
Muito grave e perigoso o processo político hoje iniciado pelo socialista Sánchez em Espanha.
— Paulo Rangel (@PauloRangel_pt) November 16, 2023
Grave porque põe em causa o Estado de Direito e os valores democráticos.
Perigoso porque divide e radicaliza a sociedade espanhola e ameaça a unidade do país.#EspañaNoSeRinde
O partido socialista (PSOE) foi a segunda força mais votada nas legislativas de 23 de julho e vai assumir o governo em coligação com o Somar, uma plataforma de formações de esquerda e extrema-esquerda, liderada pela atual ministra do Trabalho, Yolanda Díaz.
O novo governo foi viabilizado por mais seis partidos: Coligação Canária (CC), Bloco Nacionalista Galego (BNG), Juntos pela Catalunha (JxCat), Esquerda Republicana da Catalunha (ERC), EH Bildu (do País Basco) e Partido Nacionalista Basco (PNV, na sigla em espanhol).
Os acordos que o PSOE assinou com os dois partidos catalães têm estado no centro de polémica e protestos, por incluírem uma amnistia para as pessoas envolvidas no movimento independentista da Catalunha entre 2012 e 2023, que teve como auge uma declaração unilateral de independência em outubro de 2017.
A amnistia é contestada pela direita e por diversas entidades e setores, incluindo associações de juízes e procuradores, que alertaram para a possibilidade de um ataque ao princípio da separação de poderes, à independência da Justiça e ao estado de direito.
Por outro lado, a amnistia tem também sido contestada nas ruas e hoje, durante a votação da investidura de Sánchez, cerca de 150 pessoas (segundo as autoridades de segurança) manifestaram-se no exterior do edifício do Congresso dos Deputados contra Sánchez.
No debate da reeleição de Sánchez, que começou na quarta-feira, o próprio secretário-geral do PSOE e o líder parlamentar dos socialistas, Patxi López, pediram à direita para reconhecer e aceitar o resultado das eleições e medir as expressões que tem usado no discurso público, para "não alimentar o ódio" e manifestações que, em alguns casos, têm sido violentas e marcadas por símbolos e palavras de ordem fascistas e da ditadura espanhola de Francisco Franco.
Os socialistas condenam a utilização de expressões como "fraude eleitoral", "golpe de Estado", "ditadura", "traidor" ou "inimigos de Espanha" quando se referem a Sánchez, ao novo Governo e ao PSOE, que não foi o partido mais votado nas eleições de 23 de julho (foi o PP).
Na quarta-feira, na abertura do debate, Sánchez justificou a amnistia por ser a via para recuperar a convivência entre os espanhóis e também a forma de garantir um governo "de progresso" em Espanha face à ameaça da "direita reacionária".
Numa referência aos deputados eleitos pela Catalunha por todos os partidos, Sánchez defendeu que a amnistia é pedida por 80% dos catalães e apoiada por uma maioria absoluta de representantes dos espanhóis no parlamento.
Sánchez, que rejeitava a possibilidade de uma amnistia par aos independentistas até às eleições, admitiu estar a fazer "da necessidade, virtude", numa referência aos apoios que teve de reunir para continuar a ser primeiro-ministro.
O líder do PSOE acusou o PP de, como noutros países do mundo, se ter deixado parasitar pela extrema-direita e pelo partido Vox e acrescentou que face "às direitas reacionárias e retrógradas", que querem "meter as mulheres na cozinha, as pessoas LGBT nos armários e os migrantes em campos de refugiados", a opção é um novo governo de esquerda apoiado por partidos com "extraordinárias diferenças".
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