"A deliberação [da Assembleia do Livre] de que o voto na generalidade seria uma abstenção tem a ver com uma razão apenas: negociar este orçamento na especialidade e torná-lo melhor do que é neste momento", defendeu Rui Tavares, no encerramento do debate parlamentar na generalidade da proposta do Orçamento do Estado para o próximo ano.
Tavares afirmou que "o Livre estende uma mão a essa negociação e sabe o tamanho que tem neste parlamento, onde há um Governo que tem sustentação de maioria absoluta e que naturalmente define a estratégia orçamental, mas não pode ficar por aí, não pode achar que disse a última palavra".
"Se o Governo achar que ter uma ambição para o Serviço Nacional de Saúde, que ter uma ambição para a ciência - que não pode sair deste orçamento com o mais baixo investimento em democracia - ou que ter uma ambição para responder à crise dos sem-abrigo é demasiado para um partido como o Livre, com apenas um deputado, digam-nos e não gastamos o tempo de ninguém", salientou.
No entanto, caso o Governo ache que "essa ambição não é apenas para um partido ou outro, mas para todo o país", Rui Tavares deixou um apelo.
"Vamos então conversar, vamos fazer deste orçamento melhor, para poder ter um voto diferente do que o voto contra na votação final global", rematou.
No início da sua intervenção o deputado único do Livre defendeu uma "economia do conhecimento e uma sociedade radicalmente inclusiva", e saudou os jovens presentes nas galerias do parlamento, deixando uma questão: "será que o nosso debate esteve à altura dos sonhos destes jovens?".
"Este orçamento representa o fim de um ciclo em que o país fez um caminho importante na resolução de alguns desequilíbrios financeiros -- é o orçamento que pensa em termos de excedente. Mas não é um orçamento que prepare o país para dar esse salto no qual possa subir na escala de valor, em que o país não esteja eternamente no fundo da tabela dos salários médios dos países mais desenvolvidos da União Europeia (...) porque é isso que vai ou não reter os jovens no país", salientou.
A intervenção do deputado único chegou a ser interrompida por comentários vindos bancada parlamentar do Chega, o que levou o presidente em exercício, o social-democrata Adão Silva, a pedir "respeito" e aos serviços do parlamento que repusessem tempo a Rui Tavares.
"Permita-me acrescentar: principalmente respeito por quem veio assistir ao debate e viu certamente quem avilta permanentemente o trabalho parlamentar achincalhando assim a democracia", acrescentou Rui Tavares, momento em que foi aplaudido pela bancada maioritária do PS.
[Notícia atualizada às 17h43]
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