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Habitação, TAP, aeroporto. O resumo da "nova fase" de Pedro Nuno Santos

Na sua estreia como comentador político, o antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação abordou o seu futuro no Partido Socialista e na política nacional, o estado da crise na Habitação, a reprivatização da TAP e o novo aeroporto de Lisboa.

Habitação, TAP, aeroporto. O resumo da "nova fase" de Pedro Nuno Santos

O antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação, Pedro Nuno Santos, estreou-se, esta segunda-feira, como comentador político na SIC Notícias, naquela que considerou ser "uma nova fase" na sua vida. 

Questionado sobre se aceitou o convite a "pensar" em ser secretário-geral do Partido Socialista ou mesmo primeiro-ministro, o deputado socialista foi assertivo: "Nunca neguei nem disse que queria".

No entanto, essas funções "não estão em causa" ou na sua "cabeça neste momento". "[Quero] intervir politicamente de todas as formas e esta é uma delas", acrescentou, referindo-se à nova ocupação de comentador político.

Sobre o próximo congresso do Partido Socialista, Pedro Nuno Santos defendeu que "o primeiro-ministro deve ser o secretário-geral" do partido, uma vez que "não correria bem um secretário-geral do PS diferente do primeiro-ministro". O socialista afirmou ainda que não será opositor do Governo. "Não serei oposição ao Governo e - como também já disse noutras ocasiões - não serei porta-voz", garantiu.

"Sou um militante do PS e o Partido Socialista tem uma tradição de grande liberdade de expressão. (...) E é assim que eu expressarei a minha opinião, de forma livre, de acordo com a minha consciência", acrescentou.

PS nas sondagens

Sobre a sondagem SIC/Expresso, divulgada esta segunda-feira, que coloca o Partido Socialista na liderança, Pedro Nuno Santos lembrou que "as maiorias absolutas acontecem muito de vez em quanto" e o primeiro-ministro, António Costa, "conseguiu quebrar um tabu" com a 'geringonça' no seu primeiro governo.

"O Partido Socialista não conseguia governar com uma solução maioritária construída à sua esquerda e isso era um bloqueio. Esse bloqueio foi ultrapassado em 2015 e eu espero que não tenha sido um parêntesis na história da democracia portuguesa", acrescentou, referindo-se à 'geringonça'.

O deputado socialista afirmou também que "não tem qualquer vontade, ambição ou gosto" em ser candidato às eleições europeias. "É a política nacional e o meu país que me movem", disse.

Polémicas enquanto era ministro das Infraestruturas? "Faz parte"

Questionado sobre se considera que as polémicas que protagonizou no Governo, entre as quais o pagamento de uma indemnização milionária à ex-secretária de Estado Alexandra Reis e a assinatura de um despacho sobre o novo aeroporto sem autorização do primeiro-ministro, contribuíram para "manchar" a imagem da maioria socialista, o ex-ministro defendeu que os episódios "fazem parte da vida política" e da "vida profissional".

"Faz parte da vida, faz parte da política e faz parte da democracia", frisou. "O povo português, apesar de tudo, confia no Partido Socialista".

Por outro lado, referiu, a sondagem divulgada esta segunda-feira mostrou que o "PSD está numa encruzilhada" e "com uma grande dificuldade de afirmação". "Há um problema de projeto no PSD. Está entre um projeto liberal, protagonizado pela Iniciativa Liberal (IL), e um projeto conservador, protagonizado pelo Chega", explicou, acrescentando que o principal partido da oposição "está sem discurso". 

Habitação foi "prioridade" de António Costa "desde a primeira hora"

Sobre a atual crise na Habitação, Pedro Nuno Santos defendeu que o primeiro-ministro "desde 2014/2015 elegeu a Habitação como prioridade". "Apoiei o António Costa na sua candidatura à liderança do Partido Socialista e lembro-me bem que a Habitação era uma prioridade do atual primeiro-ministro desde a primeira hora", frisou o deputado, que acrescentou que a prioridade de António Costa "continuou em todo o Governo com diferentes ministros e diferentes secretários de Estado".

"Sou um defensor, tal como o Governo, que o Estado assuma um papel mais importante na política da Habitação", frisou, lamentando que o país, nos últimos 40 anos, não tenha tratado a questão de Habitação como a Saúde e a Educação, ambas públicas.

O ex-ministro das Infraestruturas e da Habitação não se considerou "responsável pela crise", defendendo que "teve oportunidade de lançar o maior programa de investimento público em habitação na história do país".

Mais Habitação? "Governo está - e bem - a atuar em várias frentes"

Pedro Nuno Santos afirmou que o Pacote Mais Habitação, desenhado pela sua secretária de Estado e atual ministra da Habitação, Marina Gonçalves, "vem complementar a política que o Governo tem vindo a desenvolver desde 2015. "Verdadeiramente, o Governo está - e bem - a atuar em várias frentes. Desde logo na oferta, aumentando o parque público de Habitação sem precedentes no nosso país", referiu. 

Sobre se as medidas do Governo para a Habitação são tardias, o deputado socialista afirmou que "se o trabalho que o Governo está a fazer hoje tivesse começado a ser feito há 20 anos, estávamos melhor hoje". "O Governo não está a atuar tarde demais. Não conseguimos avançar com um programa público de Habitação e ter casas prontas amanhã. Isso é impossível. Não existe", reiterou, frisando que os oito anos de governação de António Costa "não são tempo suficiente para conseguirmos ter um parque público com dimensão".

Dossier da TAP "foi o mais difícil que tive em mãos"

Sobre a reprivatização da TAP, Pedro Nuno Santos destacou o trabalho "colossal" feito pelo Governo. "Tínhamos uma empresa em 2020 que estava no chão - ou era intervencionada ou fechava. A decisão do Governo era intervencionar", explicou, confessando que o dossier da TAP "foi o mais difícil" que teve "em mãos"

"A verdade é que conseguimos pegar numa empresa com uma importância tremenda para a economia portuguesa e levantá-la. Conseguimos negociar e aprovar um plano de reestruturação em Bruxelas, aplicá-lo com sucesso e antecipar os resultados previstos para 2025 para 2022", enalteceu.

Pedro Nuno Santos frisou que o Governo "não está obrigado pelo plano de reestruturação a vender nem a totalidade nem parcialmente o capital da TAP", sendo esta uma "opção política".

O deputado defendeu a abertura do capital da transportadora aérea a um "grupo de aviação, não a fundos nem instituições financeiras", mas, na sua ótica, o Estado deve "manter a maioria". 

"Acho que é importante a TAP não ficar sozinha e ser integrada num grupo de aviação, mas acho que a melhor forma de garantirmos uma TAP portuguesa, sediada em Portugal, a pagar impostos em Portugal, a comprar às empresas portuguesas e a desenvolver o 'hub' de Lisboa... A melhor forma de garantirmos isto é através do controlo da maioria do capital", disse.

Sobre a recuperação dos 3,2 mil milhões de euros que o Estado gastou na TAP, Pedro Nuno Santos defendeu que este valor "não tem de ser recuperado na venda" e lembrou que a empresa "está na origem de 300 milhões de euros de receitas fiscais", o que "em 10 anos são três mil milhões de euros".

Fim de acordo PS/PSD para novo aeroporto? Pedro Nuno Santos "perplexo" com "desconforto" dos sociais-democratas

Pedro Nuno Santos comentou ainda o facto de o vice-presidente do PSD, Miguel Pinto Luz, ter admitido "algum desconforto" com o processo de escolha do aeroporto de Lisboa. O deputado socialista manifestou-se "perplexo" e lamentou que a notícia não tenha tido "grande expressão".

"O PSD está na origem, com o Governo, da metodologia que conduzirá à localização. O PSD não tem de concordar com a conclusão do relatório", frisou, acrescentando que a coordenadora-geral da Comissão Técnica Independente, Rosário Partidário, "é uma individualidade altamente respeitada" e não "foi posta em causa quando foi escolhida".

Para o socialista, a posição do social-democrata é "uma tentativa de condicionamento da coordenadora" e uma preparação "do terreno para que o PSD tenha argumentos para não aparecer numa fotografia ao lado do primeiro-ministro a anunciar a localização do novo aeroporto em vésperas das eleições europeias".

Pedro Nuno Santos abandonou o cargo de ministro das Infraestruturas e da Habitação em janeiro de 2023, tendo sido substituído por João Galamba na pasta das Infraestruturas e Marina Gonçalves na Habitação. Em julho regressou ao Parlamento, sendo um dos 120 deputados da maioria socialista. 

[Notícia atualizada às 23h42]

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