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Albuquerque, o apaixonado por rosas volta a sentir 'espinhos' sem maioria

Miguel Albuquerque, o apaixonado por rosas, voltou no domingo a experimentar os 'espinhos' de uma vitória sem maioria absoluta, mas ao contrário de há quatro anos, agora terá de alargar uma futura coligação além do CDS-PP.

Albuquerque, o apaixonado por rosas volta a sentir 'espinhos' sem maioria
Notícias ao Minuto

07:11 - 25/09/23 por Lusa

Política Eleições na Madeira

No domingo à noite, o PSD, que concorreu em coligação com o CDS-PP, venceu pela 13.ª vez consecutiva as eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira, mas tal como em 2019, quando pela primeira vez desde 1976 não conseguiu garantir a maioria absoluta, voltou a não assegurar metade dos 47 lugares do parlamento madeirense.

De qualquer forma, já disse estar "em condições de nos próximos dias apresentar um governo de maioria parlamentar" e que "dessa coligação está excluído o Chega", mas sem adiantar com que outros partidos irá contar.

Miguel Albuquerque chegou em tempos a ser considerado o 'delfim' de Alberto João Jardim, mas com o passar dos anos acabou por entrar em 'rota de colisão' com o histórico dirigente social-democrata antes de o suceder na liderança do partido e do executivo madeirense.

Nascido em 04 de maio de 1961 no Funchal, foram os avós maternos que educaram o líder do PSD/Madeira numa "infância bastante feliz", passada numa quinta. Conforme já revelou, embora a família não tivesse dificuldades financeiras, tanto ele como o irmão trabalhavam durante o verão para terem também "a escola da vida".

Recentemente, à revista Sábado, confessou que foi a influência do avô materno, o tenente Machado, um resistente anti-fascista que chegou a estar preso em São Tomé e em Cabo Verde durante o Estado Novo, que o levou à política: "foi uma grande influência", disse.

A música esteve também sempre presente e, aos 16 anos, tocava piano em hotéis durante as férias. A banda Velhos Hotéis, mais tarde fundada com um grupo de amigos, foi herdeira desses tempos.

Depois de uma passagem por Lisboa para tirar a licenciatura em Direito, Miguel Albuquerque regressou à Madeira, onde exerceu advocacia entre 1986 e 1992, com escritório aberto no Funchal, especializando-se nas áreas de Direito Criminal e de Família.

Na política, os primeiros passos foram dados em meados dos anos 80, no Movimento de Apoio a Mário Soares para as presidenciais de 1986.

Em 1988, estreou-se nas legislativas regionais e foi eleito nas listas do PSD. Quatro anos mais tarde repetiu a eleição, quando também já liderava a JSD/Madeira (1990-1992). Entre 1992 e 1995, foi secretário-geral adjunto do PSD/Madeira.

Entretanto, em 1993 deixa a advocacia para ser número dois na lista do PSD/Madeira à Câmara Municipal do Funchal, encabeçada por Vergílio Pereira, que substituiu no ano seguinte depois de o autarca se ter demitido por divergências com o então presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, sobre as transferências para o município.

Só deixou a presidência do município devido à lei de limitação de mandatos, em 2013, depois de vencer com maioria as autárquicas de 1998, 2001, 2005 e 2009. Nessa altura regressou à advocacia, dedicando-se ao Direito Empresarial.

Enquanto esteve à frente da maior autarquia madeirense foi igualmente presidente da Associação dos Municípios da Madeira (1994-2002), vice-presidente do PSD/Madeira e responsável pelo conselho de jurisdição da estrutura regional do partido, cargo a que renunciou, em abril de 2011, por discordar com a linha política seguida.

Foi, aliás, no final do mandato na presidência da Câmara do Funchal que o clima de crispação com o então presidente do Governo Regional e do PSD/Madeira se acentuou, com Miguel Albuquerque a ser o primeiro a questionar a liderança de 40 anos de Alberto João Jardim, numas eleições diretas disputadas em 2012, das quais saiu derrotado por 142 votos.

Antes, em 2010, já tinha contrariado a preferência da estrutura regional por Paulo Rangel na corrida à liderança do PSD nacional, apoiando Pedro Passos Coelho.

Em dezembro de 2014 voltou a concorrer à liderança do PSD/Madeira, apresentando-se como um dos seis candidatos à sucessão de Jardim. Depois da vitória na primeira volta com 47,2% dos votos, na segunda volta alcançou 64%, tomando posse como presidente dos sociais-democratas madeirenses em 10 de janeiro de 2015.

Chegou à presidência do Governo Regional da Madeira em 20 de abril de 2015, após vencer com maioria absoluta as regionais de 29 de março. "Foi um processo natural chegar ao governo, achei que tinha condições para o fazer", disse há quatro anos.

À política foi juntando ao longo dos anos outras paixões, como por peças em porcelana ou, a mais conhecida de todas, pelas rosas. Chegou a ter a um dos maiores roseirais da Europa, na zona norte da ilha da Madeira, com uma coleção com cerca de 17 mil roseiras de mais de 1.700 espécies. O gosto pela horticultura levou mesmo a que fosse considerado "o chefe dos jardineiros da Quinta Vigia", a residência oficial do presidente do Governo Regional.

Pai de seis filhos, a mais nova com 7 anos e mais velha com 32, Miguel Albuquerque também já é avô.

Os amigos consideram-no "um bom garfo", mas nunca dispensou o desporto. Antes das corridas matinais na Avenida do Mar, ainda na juventude bateu recordes regionais de natação, aproveitando as piscinas dos hotéis para os treinos, por falta de infraestruturas desportivas.

Desses tempos, revelou numa entrevista, ficou a "autodisciplina, aquela ideia do treino, de ter horas marcadas para as coisas, do sacrifício, da persistência, da determinação", confessando que são princípios que continuou depois a aplicar na política.

Leia Também: Madeira. PSD/CDS falha maioria absoluta mas promete governo estável

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