"A mudança que sempre dissemos que sentíamos nas ruas está refletida no resultado eleitoral", declarou Sérgio Gonçalves, que encabeçou a candidatura do PS neste ato eleitoral, após a divulgação dos resultados oficiais provisórios.
Segundo o presidente dos socialistas insulares, que discursava no Funchal, "a maioria dos madeirenses deu uma demonstração clara de que não quer o PSD, que não quer Miguel Albuquerque à frente dos destinos do Governo Regional".
O PS/Madeira assumiu que o resultado do partido "ficou aquém dos seus objetivos", considerando que "houve muita dispersão de votos pelos partidos mais pequenos".
O PS, que ocupava 19 lugares na Assembleia Legislativa da Madeira, ficou reduzido a 11 deputados, tendo obtido 28.844 votos (21,30%).
"Mas, fica também claro, deste resultado eleitoral, que o PS é a única alternativa de governo para a Madeira", sustentou o cabeça de lista, acrescentando que o PS reuniu mais votos do que a terceira e a quarta forças políticas em conjunto, o JPP e o Chega.
Agora, disse, é tempo de saber "se os outros partidos vão, a exemplo do que o CDS fez em 2019, trair os madeirenses".
O líder socialista recordou que esses partidos "tinham um discurso contra o atual regime, contra esta maioria PSD/CDS", que acabou por não ser opção da maioria absoluta do eleitorado da Madeira.
"Perante este resultado, eu tenho de fazer uma pergunta: Miguel Albuquerque vai ou não demitir-se? Vai uma vez na vida cumprir com a sua palavra, apresentar a sua demissão? Foi isso que deixou muito claro", questionou.
Depois desta curta declaração, sem direito a perguntas pelos jornalistas, o presidente do PS/Madeira abandonou a sala e foram audíveis as palmas junto do núcleo do PS nas salas internas da sede regional.
A coligação PSD/CDS-PP, encabeçada por Miguel Albuquerque (líder do PSD regional e do Governo Regional) venceu hoje as eleições legislativas regionais da Madeira, mas falhou por um deputado a maioria absoluta, quando estão apuradas todas as freguesias, segundo dados oficiais provisórios.
Durante a campanha, o social-democrata afirmou várias vezes que não iria continuar a governar sem maioria absoluta e estabilidade no parlamento.
"Não governo, não vou governar e recuso-me a governar se não tiver maioria, é impossível", disse, por exemplo, num comício em Santa Cruz.
De acordo com informação disponibilizada pela Secretaria-Geral do Ministério da Administração Interna, os sociais-democratas e os centristas obtiveram 43,13% dos votos e 23 lugares no parlamento regional, constituído por um total de 47 deputados.
Há quatro anos, o PSD elegeu 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinha desde 1976, e formou um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados).
Em 2019, o PS obteve 36,59% dos votos (51.207), alcançando o melhor resultado de sempre e elegendo 19 mandatos. O PSD, que sempre governou a região, perdeu então pela primeira vez a maioria absoluta.
O PS já tinha tido 19 representantes no parlamento da Madeira, depois das eleições de 2004, quando a assembleia regional tinha 68 lugares (passou para 47), mas com uma percentagem de votos inferior à obtida há quatro anos (27,41%).
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