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Habitação e impostos em destaque na campanha eleitoral na Madeira

A campanha para as legislativas madeirenses, que hoje termina, ficou marcada por críticas constantes da oposição ao governo PSD/CDS-PP e pela presença de figuras nacionais, com a habitação, a pobreza, a saúde e os impostos em destaque no debate.

Habitação e impostos em destaque na campanha eleitoral na Madeira
Notícias ao Minuto

18:03 - 22/09/23 por Lusa

Política Eleições/Madeira

O líder do PSD e do executivo madeirense desde 2015, Miguel Albuquerque, que se recandidata a um terceiro mandato à frente da coligação PSD/CDS-PP, classificou os ataques da oposição como "palermices" e repetiu várias vezes que se recusará a governar caso não obtenha maioria absoluta no domingo.

A campanha da coligação atualmente no governo baseou-se em contactos porta a porta e num comício por dia em todos os concelhos, exceto no Porto Santo, terminando hoje com a presença do presidente do partido, Luís Montenegro.

Albuquerque -- que concentrou a sua presença nos comícios - foi alvo de várias queixas na Comissão Nacional de Eleições (CNE) por fazer inaugurações na qualidade de chefe do executivo durante a campanha. Foi advertido para "abster-se de pôr em causa os deveres de neutralidade e imparcialidade devido às eleições regionais", situação que desvalorizou, dizendo nunca ter apelado ao voto nessas circunstâncias.

A falta de habitação foi um tema forte nas duas últimas semanas, com o social-democrata a recordar invariavelmente nos comícios as casas a custos acessíveis que estão a ser construídas em cada concelho para a classe média e jovens, num total de 600 fogos.

Para a oposição, os projetos são insuficientes, face aos "preços incomportáveis" que estão a ser praticados na região, com o JPP a sugerir um "pacto de regime" entre o executivo e as autarquias para colocar no mercado casas que os madeirenses consigam pagar, e o PS a acrescentar a ideia de incentivos à construção cooperativa.

Houve também dedos apontados às listas de espera e à falta de serviços na saúde, e uma forte defesa da redução dos impostos. No caso do IVA, foi criticado o facto de o arquipélago não aplicar o diferencial máximo de 30% em relação ao continente, previsto na lei.

A pobreza foi também uma base de acusações à gestão 'laranja' durante mais de 40 anos, já que a região mantém uma elevada taxa de risco de pobreza (calculada com base nos rendimentos do ano anterior): 30,2% em 2022, apenas superada pelos Açores (30,3%) e acima da média nacional de 20,1%.

A campanha do PS, maior partido da oposição, centrou-se na ideia de que "existe uma vontade crescente de mudança" e que a candidatura, encabeçada por Sérgio Gonçalves, também deputado regional e líder do partido na Madeira, é a única alternativa viável, prometendo, acima de tudo, aplicar o diferencial máximo em todos os impostos.

Os socialistas apostaram em contactos porta a porta, arruadas e jantares-comício em todos os concelhos e contaram com a presença do secretário-geral do partido, António Costa, antes do arranque oficial da campanha.

Já o Chega e a Iniciativa Liberal apostaram fortemente no apoio dos líderes nacionais -- André Ventura e Rui Rocha, respetivamente --, que participaram em várias ações.

A candidatura do Chega, encabeçada por Miguel Castro, desenvolveu uma campanha assente na mensagem de que é necessário "acabar com a hegemonia do PSD e devolver à região autónoma um governo e um sistema político transparente e honesto".

A Iniciativa Liberal, cujo cabeça de lista é Nuno Morna, líder do partido na região, direcionou o discurso no sentido de que a candidatura é a "mais coerente", já que as propostas ao nível nacional são as mesmas ao nível regional.

O JPP, atualmente com três deputados regionais, afirmou-se como "a maior ameaça" à coligação PSD/CDS-PP e o cabeça de lista, Élvio Sousa, também deputado e secretário-geral do partido, repetiu amiúde que pretende continuar o "trabalho de fiscalização" ao executivo.

O presidente do JPP, Filipe Sousa, irmão do cabeça de lista e presidente da Câmara de Santa Cruz - onde o partido se formou a partir de um movimento de cidadãos - não participou na campanha, anunciando a intenção de se demitir por discordar de surgir inicialmente em quinto lugar na candidatura. O seu nome não consta agora da lista.

Já o PCP, que integra a CDU juntamente com o PEV e está representado com um deputado, contou com a presença do secretário-geral, Paulo Raimundo, num jantar-comício. A campanha assentou no contacto direto com a população, percorrendo os sítios mais problemáticos ao nível social.

O cabeça de lista, Edgar Silva, coordenador da estrutura regional do PCP, alertou insistentemente para as "desigualdades gritantes e escandalosas" na região e acusou os governantes de "esbanjar dinheiro" em áreas que não são prioritárias.

A candidatura do BE, encabeçada por Roberto Almada, aposta no regresso ao parlamento, onde o partido já esteve representado, e contou com o apoio presencial da coordenadora nacional, Mariana Mortágua, bem como da ex-coordenadora Catarina Martins, da eurodeputada Marisa Matias e do fundador Francisco Louçã.

O partido elegeu duas prioridades -- a habitação e os salários -- e prometeu ter "coragem de enfrentar os grandes interesses económicos".

A lista do PAN, cuja cabeça de lista é Mónica Freitas, assistente social estreante nas lides políticas, teve a companhia da porta-voz nacional, Inês de Sousa Real, no arranque da campanha, baseada no contacto direto com a população.

O RIR (com o cabeça de lista Roberto Vieira), o MPT (Válter Rodrigues), o PTP (Quintino Costa), o ADN (Miguel Pita) e o Livre (Tiago Camacho) promoveram ações de campanha assentes no contacto direto como a população e em encontros com jornalistas para abordar temas específicos.

A campanha do ADN foi reforçada na quinta-feira e hoje com o líder nacional, Bruno Fialho, que alertou para os "tiques de ditador" de Albuquerque.

O Livre também contou com o apoio do porta-voz Rui Tavares, que esteve na Madeira três dias e assegurou que a eleição de um deputado fará "puxar a política para cima" na assembleia.

Nas anteriores regionais, em 2019, os sociais-democratas elegeram 21 deputados, perdendo pela primeira vez a maioria absoluta que detinham desde 1976, e formaram um governo de coligação com o CDS-PP (três deputados). O PS alcançou 19 mandatos, o JPP três e a CDU um.

Leia Também: "PSD estará ao lado do governo da Madeira na resolução dos problemas"

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