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"Os portugueses ainda não estão com vontade de ouvir os políticos"

Adalberto Campos Fernandes falava sobre o "programa global de reforma fiscal" apresentado pelo PSD.

"Os portugueses ainda não estão com vontade de ouvir os políticos"
Notícias ao Minuto

17:38 - 17/08/23 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política Adalberto Campos Fernandes

O antigo ministro Adalberto Campos Fernandes considerou, na quarta-feira, que os "portugueses ainda não estão com vontade de ouvir os políticos", defendendo assim que "talvez a rentrée do PSD tenha vindo cedo demais".

O ex-governante socialista começou por dizer, em declarações na CNN Portugal, que "há uma dissociação entre chamada bolha político-mediática e as pessoas".

"As pessoas, em geral, estão a precisar de férias, tiveram um ano muito intenso, muito duro, com uma proliferação de casos, de guerras, de conflitos, de afirmações e contrainformações, que fez com que todos desejássemos ir para férias", afirmou.

"E eu sinto que os portugueses ainda não estão com vontade de ouvir os políticos. Acho que é cedo demais, talvez a rentrée do PSD tenha vindo cedo demais", considerou.

Comentando as propostas do PSD para descer impostos, Adalberto Campos Fernandes falou num "ambiente de leilão fiscal". "Há um sentimento misto na população portuguesa, que é a acomodação e a resignação. Em relação à matéria que está agora em apreço, há um certo ambiente de leilão fiscal", atirou.

Lembrando que "é bom que esta questão seja discutida", uma vez que "parece que ninguém que se preocupa em defender a classe média, que é no fundo o suporte, se todo o edifício fiscal que existe em Portugal e que permite que apoiemos os mais vulneráveis", o antigo ministro notou, contudo, que há "dois aspetos" a ter em conta.

"Por um lado, quando a esmola é muita o pobre desconfia e, por outro, eu não vejo como muito positiva, vejo boa a ideia e a intenção do líder do PSD trazer essa matéria para a discussão política, pré-orçamento, mas não é em setembro, outubro, antes do orçamento, que essas medidas podem ser instiladas, fora de um quadro de reflexão geral do que vai ser o quadro orçamental", defendeu.

"O que o PSD quis ter foi, naturalmente, alguma iniciativa política nessa matéria, penso que esse crédito lhe fica conferido", admitiu.

Voltando à ideia inicial, de que os "portugueses estão cansados, acomodados e desiludidos", Adalberto Campos Ferreira justificou. "Os portugueses têm constado uma relação de conta-corrente. É evidente que nós temos um clima multigeracional, que afeta os mais velhos, aqueles que estão na vida ativa e muitos daqueles que saíram do país - o ano passado foram 128 mil jovens que abandonaram o país -  esse desencantamento tem que ver com o facto que o futuro parece ser um futuro pouco promissor", disse.

"Por outro lado, há, manifestamente, também, a sensação de que a carga fiscal, em geral, e também contributiva para a Segurança Social é muito pesada (...) Aquilo que eu pago e aquilo que eu contribuo para o esforço comum e aquilo que me é devolvido, não é suficiente", frisou.

Desta forma, Adalberto Campos Fernandes defendeu que o " incremento salarial que é fundamental" e há também um "problema de geração" que foi criado e que não se pode "esquecer": a dívida pública.

"O país não pode ser entregue aos mais novos, aos nossos filhos, sem esse problema, pelo menos, parcialmente resolvido", rematou.

Recorde-se que, na segunda-feira, o líder do PSD, Luís Montenegro, anunciou um "programa global de reforma fiscal" do qual fazem parte "cinco medidas imediatas", incluindo uma redução ainda este ano das taxas do IRS em todos os escalões, menos no último, uma medida que seria financiada pelo excedente da receita fiscal.

Esta proposta será concretizada em cinco iniciativas legislativas que serão discutidas e votadas na Assembleia da República em 20 de setembro, depois de o PS ter marcado um debate potestativo (obrigatório) para essa data.

Leia Também: Impostos? PCP diz que PSD está de "consciência pesada" e "vem atrasado"

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