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"Negação" no Estado da Nação? Costa contra todos (menos Rui Tavares)

Sessão legislativa durou cerca de 4h30 e o Partido Socialista tentou fintar as críticas da oposição, escudando-se em vários fatores económicos. Oposição, porém, acredita que o primeiro-ministro está "em negação". A exceção é Rui Tavares, dirigente do Livre, que optou por destacar as medidas do partido que foram aprovadas.

"Negação" no Estado da Nação? Costa contra todos (menos Rui Tavares)
Notícias ao Minuto

08:59 - 21/07/23 por Marta Amorim

Política Estado da Nação

Decorreu, na tarde desta quinta-feira, na Assembleia da República, o debate sobre o Estado da Nação. As mais de quatro horas de discussão mostraram a divisão das visões dos deputados, sendo que o PS vê um país que está "bem melhor" e que prefere "estabilidade", ao passo que a oposição vislumbra uma nação bem diferente. 

António Costa abriu o debate, na Assembleia da República, com críticas às previsões feitas há dez meses pela oposição, que acusou de terem feito discursos catastrofistas em relação ao país, numa conjuntura de pós-pandemia da Covid-19, de incerteza económica na sequência da intervenção militar russa na Ucrânia, com "subida inopinada das taxas de juro e a maior inflação dos últimos 30 anos".

O primeiro-ministro referiu que em setembro passado, por exemplo, "para as oposições, não havia dúvidas: Portugal caminhava para a recessão - e no melhor dos cenários poderia, quanto muito, estagnar".

Esta quinta-feira, porém, de acordo com Costa, verificou-se que "Portugal não estagnou, Portugal não entrou em recessão, Portugal não regressou à estagflação" e, pelo contrário, "teve no primeiro trimestre o terceiro maior crescimento da União Europeia e as previsões de crescimento para este ano já variam entre 2,4 e 2,7%".

"No Estado da Nação, abandone o estado de negação em que se encontra"

Seguiu-se a intervenção do líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, que, no primeiro momento de questionamento ao Governo, acusou que este Executivo tem a "marca do empobrecimento". E afirmou: "E não diga que a culpa é só da guerra e de fatores externos".

"Se com José Sócrates os portugueses conheceram a bancarrota socialista, com António Costa os portugueses sofrem o empobrecimento socialista", criticou o líder parlamentar do PSD, Joaquim Miranda Sarmento, na primeira intervenção no debate sobre o estado da nação, o último debate parlamentar antes das férias.
 
O social-democrata apontou como exemplos a duplicação das prestações dos portugueses com os créditos à habitação, a "queda dos salários reais em 4% em 2022" ou o facto de metade dos pensionistas não conseguirem comprar todos os medicamentos de que precisam.

"Deixo lhe um repto: no estado da nação, abandone o estado de negação em que se encontra", pediu Miranda Sarmento.

Governo "foi capaz de aplicar medidas para apoiar os mais vulneráveis"

A segunda pergunta do dia coube ao líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, que começou por dizer: "Portugal está melhor, porque os portugueses e as portuguesas estão melhor".

Isto porque, argumentou o Governo "foi capaz de aplicar medidas para apoiar os mais vulneráveis" nos momentos em que tal seria necessário.

Brilhante Dias acusou ainda os sociais-democratas de continuarem com "a cantilena do empobrecimento" e de se remeteram ao "silêncio" quando o debate ronda em torno de "factos", como os relacionados com o "emprego" e com o "crescimento", entre outros. 

"O senhor primeiro-ministro quer fazer deste país a maior casa de alterne da Europa"

O líder do Chega acusou depois o primeiro-ministro de querer transformar o país numa "casa de alterne", expressão que lhe valeu uma advertência do presidente do parlamento, com António Costa a considerar que André Ventura pretende degradar a democracia.

Na sua intervenção, o deputado disse também que Portugal é "o décimo país que pior paga da União Europeia" e considerou que este é o estado da nação a que o primeiro-ministro conduziu o país.   

"Queremos fazer do país, não este país de salários baixos, mas um país que fosse a melhor casa de família da Europa. O senhor primeiro-ministro quer fazer deste país a maior casa de alterne da Europa, é isso que quer fazer de Portugal", acusou.

Portugueses fazem "contas ao trabalho e à pensão para ver como é que conseguem esticar até ao final do mês"

A líder parlamentar do PCP considerou, na sua intervenção, estar em curso um "caminho de empobrecimento geral da população", com "intoleráveis contrastes", tendo o primeiro-ministro contraposto que a desigualdade está a diminuir e que o país está "no caminho certo".

"Mais desigualdades, injustiças, exploração, ataque aos direitos laborais e sindicais, degradação dos serviços públicos, baixo nível de investimento público, fragilização do aparelho produtivo, novas privatizações: esta é a realidade que o Governo, por mais que tente, não consegue esconder", afirmou Paula Santos no debate sobre o Estado da Nação, no Parlamento.

A líder parlamentar do PCP criticou a afirmação do primeiro-ministro, na abertura do debate, de que o "país está melhorar", contrapondo que essa "não é a verdade de todos os dias", com os portugueses a fazerem "contas ao trabalho e à pensão para ver como é que conseguem esticar até ao final do mês".

"O senhor falhou como garante de estabilidade e o senhor continua a falhar no combate à corrupção"

Já nas palavras do presidente da Iniciativa Liberal, o primeiro-ministro foi acusado de ter falhado como "presidente do sindicato dos portugueses, garante de estabilidade e de combate à corrupção". 

"Senhor primeiro-ministro, o senhor falhou como presidente do sindicato dos portugueses, o senhor falhou como garante de estabilidade e o senhor continua a falhar no combate à corrupção", disse Rui Rocha durante o debate sobre o estado da nação que decorre na Assembleia da República. 
 
Para o deputado, o chefe do Governo falhou sobretudo aos portugueses.

"A crise da habitação vai continuar e o país não vai perdoar ao Governo"

Por sua vez, a coordenadora do BE considerou que o programa Mais Habitação "já fracassou" e que é imperdoável a instabilidade gerada por esta crise, defendendo que os portugueses questionam como podem confiar num executivo com "cadastro de incumprimento de promessas".

No seu primeiro debate sobre o estado da nação como líder do BE - cargo para o qual foi eleita na convenção de maio - Mariana Mortágua olhou para a situação atual desde um "lugar frontal de oposição", considerando que a crise na habitação "comprova a incapacidade da maioria absoluta e a sua cumplicidade com os mais fortes". 

"Há uma coisa que é certa e o Governo sabe: O Mais Habitação já fracassou. A crise da habitação vai continuar e o país não vai perdoar ao Governo a maior instabilidade de todas que é trabalhar, ter um salário e não ter uma casa que possa pagar", avisou.

"Os portugueses não vivem no mundo cor-de-rosa do PS"

Segundo o PAN, os portugueses "não vivem no mundo cor-de-rosa do PS", com o primeiro-ministro a reconhecer que existem problemas e a realçar que já foram investidos 9.400 milhões de euros em medidas de combate à inflação.   

"No contrário daquilo que já foi dito aqui hoje, os portugueses não vivem no mundo cor-de-rosa do PS", defendeu Inês Sousa Real
 
No debate sobre o estado da nação, que decorre no parlamento esta quinta-feira com a presença do Governo, Inês Sousa Real confrontou o chefe do executivo com o "aumento do custo de vida que não pode ser ignorado" e que afeta áreas da vida dos portugueses como o pagamento das rendas, da alimentação ou até dos cuidados de animais de companhia.

Livre destacou medidas do partido que foram aprovadas e Costa apontou "postura construtiva" 

"A única coisa que eu tenho a lamentar é que os outros partidos da oposição não tenham a mesma postura construtiva [do Livre]", atirou o primeiro-ministro no debate sobre o Estado da Nação, no Parlamento.
 
António Costa respondia ao deputado único do Livre, Rui Tavares, que na sua intervenção elencou um conjunto de medidas que o partido conseguiu ver aprovadas no parlamento como o programa de combate à pobreza energética '3C' (Casa, Conforto e Clima), Passe Ferroviário Nacional, ou o programa piloto da semana de trabalho de quatro dias.

"A cigarra é o Governo... a formiga são as famílias e as empresas"

Na intervenção de fundo do PS no debate do Estado da Nação, o PS considerou que o estado da nação "é bem melhor" nos últimos anos - para ser acusado depois pelo PSD de o Governo de atuar como a cigarra.

"O real estado da nação sabe-o cada uma das portuguesas e cada um dos portugueses que constroem o país todos os dias. E sabem que o estado da nação é bem melhor nos últimos anos do que o era há uma década. E sabem ainda melhor que o estado da nação está melhor este ano do que no ano passado, o ano em que desafortunadamente se assistiu ao terrível regresso da guerra na Europa neste século", afirmou o deputado e ex-ministro da Educação Tiago Brandão Rodrigues, a quem coube a intervenção de fundo do PS no debate do estado da nação. 
 
Já o PSD, pela voz do vice-presidente da bancada Hugo Carneiro, trouxe ao debate a fábula de La Fontaine da cigarra e da formiga.

"A cigarra é o Governo... a formiga são as famílias e as empresas", disse, acusando o executivo de cobrar cada vez mais impostos e devolver cada vez menos em serviços públicos na saúde, educação ou justiça.

Para o deputado social-democrata, "a estratégia do governo é empobrecer os portugueses e torná-los dependentes do Estado", avisando que "não chega dizer que a economia cresce, se o Estado se apropria de uma enorme fatia dessa riqueza".

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