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"Costa, que é racializado, viu naqueles cartazes racismo. Ele sabe"

Numa publicação intitulada 'Os cartazes - não foi bem racismo?', Isabel Moreira condenou haver "quem não se lembre que isto da 'raça' e do 'racismo' não é coisa do 'eu acho que'".

"Costa, que é racializado, viu naqueles cartazes racismo. Ele sabe"
Notícias ao Minuto

20:14 - 11/06/23 por Notícias ao Minuto com Lusa

Política Isabel Moreira

A deputada socialista Isabel Moreira juntou-se ao coro de indignação perante as caricaturas que visaram o primeiro-ministro, António Costa, em cartazes de professores numa manifestação durante as celebrações do Dia de Portugal, de Camões das Comunidades Portuguesas, e que foram classificadas pelo mesmo como “racistas”.

A socialista apontou, nessa linha, que o chefe de Governo “sabe que animalizar daquela forma a sua cara - o rosto de uma pessoa racializada - não é a mesma coisa que animalizar quem nunca sofreu ‘por causa’ da sua etnia”, mostrando-se saturada por ainda haver “quem não se lembre que isto da ‘raça’ e do ‘racismo’ não é coisa do ‘eu acho que’”.

Numa publicação intitulada ‘Os cartazes - não foi bem racismo?’, Isabel Moreira recordou, através das redes sociais, que “António Costa, que é racializado, viu naqueles cartazes racismo”, salientando que “ele sabe”.

“Ainda há quem não se lembre que isto da ‘raça’ e do ‘racismo’ não é coisa do ‘eu acho que’. António Costa, que é racializado, viu naqueles cartazes racismo. Ele sabe. Ele sabe que animalizar daquela forma a sua cara - o rosto de uma pessoa racializada - não é a mesma coisa que animalizar quem nunca sofreu ‘por causa’ da sua etnia. António Costa sabe mais do que qualquer comentador ou pessoa branca que não vê nada de diferente entre animalizar António Costa daquela forma específica ou uma pessoa branca com uma intenção insultuosa”, escreveu.

A deputada do Partido Socialista foi mais longe, indicando que “saberá um judeu, por exemplo, que animalizar judeus e judias foi uma questão racial criada pelo nazismo”.

“Saberá quem sabe disso que sendo um judeu da cor que fosse a intenção de Hitler foi sempre a de o destruir a partir do critério da ‘raça’ e não do da ‘religião’”, complementou, adiantando que “é por isso que se fala da invisibilidade da questão judaica enquanto questão racial, mas quem sabe da história da iconografia racista sabe que ela passa, e muito, por animalizar o outro pertencente à categoria racial que se quer ver odiada ou desprezada”.

Daí que canse muito, mas mesmo muito, que se faça mais do que respeitar o sentimento que invadiu a pessoa racializada que olhando para aqueles cartazes viu racismo, dizendo-o com a contenção que poucos teriam (‘algum racismo’) e com bastante resistência acumulada”, rematou.

A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) demarcou-se, entretanto, de insultos e atos de populismo, na sequência destas caricaturas, que retratavam o primeiro-ministro com nariz de porco, lábios pronunciados e lápis espetados nos olhos.

Recorde-se que as comemorações do Dia de Portugal, de Camões das Comunidades Portuguesas terminaram no sábado no Peso da Régua com a tradicional cerimónia militar do 10 de Junho, depois de terem passado pela África do Sul.

Após ter terminado a cerimónia militar, António Costa percorreu a pé o trajeto desde a avenida do Douro até ao local escolhido para o almoço, tendo sido sempre seguido por muitos docentes que gritavam palavras de ordem.

À chegada ao local do restaurante, a mulher do primeiro-ministro, Fernanda Tadeu, exaltou-se com alguns dos comentários dos professores em protesto. Inicialmente, António Costa pediu à mulher para não responder, mas, depois, virou-se para trás e gritou "racista", visivelmente exaltado.

"Eu sinto-me muito bem no Douro e em todo o país", apontou, voltando a insistir que o barulho de fundo que o acompanhou "é um direito de manifestação".

"Com melhor gosto, com pior gosto, com estes cartazes um pouco racistas, mas pronto, é a vida", frisou.

Leia Também: "O protesto dos professores faz parte da liberdade e da democracia"

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