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"Não acho que a existência do Bloco de Esquerda esteja em risco"

Poucos dias depois de assumir a liderança do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua defende que o partido "está a recuperar força".

"Não acho que a existência do Bloco de Esquerda esteja em risco"
Notícias ao Minuto

23:59 - 31/05/23 por Notícias ao Minuto

Política Mariana Mortágua

A nova coordenadora do Bloco de Esquerda, Mariana Mortágua, afirmou, esta quarta-feira, em entrevista à RTP3, que não acredita que a "existência" do partido "esteja em risco".

"Não acho que a existência do Bloco esteja em risco, acho que o Bloco está a recuperar muita força e as sondagens apontam para isso mesmo", afirmou, no programa 'Grande Entrevista', defendendo que as coisas que acontecem diariamente dão "razão" ao partido.

"A vida dá razão àquilo que nós fizemos e a forma como fizemos", notou. "Quando as pessoas abrem o telejornal ou vão ao centro de saúde ou ao hospital e veem o estado do SNS acho que nos dão razão. Dão-nos razão por termos tido uma luta intransigente pela Saúde, pelo investimento na Saúde", defendeu ainda.

Admitindo que o Bloco foi penalizado nas últimas eleições, Mariana Mortágua notou que a "análise" sobre o que correu menos bem já foi "muitas vezes feita". 

O que é que o Partido Socialista está a fazer com a maioria absoluta que pediu ao país com a estabilidade que pediu ao país para resolver a vida?

"Penso que - e isso já foi muitas vezes falado - perante uma subida da direita em cima, ou do PSD, um hipotético empate do PSD com PS, penso que muitos eleitores, enfim, foram condicionados por essa decisão", disse.

"Mas a questão não é essa. Hoje em dia, quem votou no Partido Socialista porque, enfim, achou que era preciso estabilidade e porque o PS pediu uma maioria absoluta para governar com estabilidade e para governar sem os empecilhos da esquerda, para resolver os problemas que a esquerda impedia o Partido Socialista de resolver, essas pessoas hoje veem e sentem na sua vida", acrescentou a recém-eleita coordenadora bloquista.

"O que é que o Partido Socialista está a fazer com a maioria absoluta que pediu ao país com a estabilidade que pediu ao país para resolver a vida?", interrogou.

"As maiorias absolutas têm sido todas iguais"

Anteriormente, na mesma entrevista, a agora coordenadora do Bloco de Esquerda havia defendido que, "num ambiente de maioria absoluta, a força social tem um papel muito importante", remetendo para a importância de um partido mais ativo na rua.

"As maiorias absolutas têm sido todas iguais, devo dizer. Aquelas a que eu tenho assistido, nos meus 36 anos e da memória que tenho, desde Cavaco Silva, acho que elas são todas iguais. São arrogantes, são prepotentes, são incapazes de diálogos e são muito dadas a casos, casinhos, que vêm precisamente do abuso de poder de quem acha que tem poder absoluto", defendeu, notando que  as soluções "também vêm das pessoas que protestam e reivindicam nas ruas".

Interrogada sobre se está tão confortável de megafone na mão como em debates, Mariana Mortágua sublinhou que "a política é inteira", é "ouvir as pessoas" e isso "é estar onde elas estão".

"O que mudou nos últimos tempos é o país"

A líder bloquista notou ainda que o Bloco "sempre foi um partido de proposta" e que há uma coerência, defendendo que "o que mudou" ao longo do tempo foi o país.

"Neste momento, em que a vida política se degrada tanto, em que as pessoas perdem tanta confiança nas instituições, em que a maioria absoluta se vai degradando a cada dia que passa, penso que temos de nos concentrar nas soluções. Eu espero ser porta-voz de uma esquerda de alternativa ao Partido Socialista, de uma esquerda que leva o país a sério", defendeu.

A política precisa de menos politiquice, de menos conversas vazias, de menos impossibilidades e inevitabilidades, de mais soluções

Mariana Mortágua confessou ainda que chegar à liderança do Bloco de Esquerda "nunca esteve muito presente" no seu "pensamento" e admite ter ficado "muito entusiasmada" no momento "em que se colocou" essa possibilidade.

"Ninguém que não queria pode ou deve avançar para coordenar ou apresentar um partido", notou, acrescentando que é preciso "vontade", "entusiasmo" e "alegria" e que é "preciso falar com clareza e levar as pessoas a sério".

"A política precisa de menos politiquice, de menos conversas vazias, de menos impossibilidades e inevitabilidades, de mais soluções", frisou.

Recorde-se que a moção A, de Mariana Mortágua, arrecadou a grande maioria dos votos na XIII Convenção Nacional do Bloco de Esquerda, no passado fim de semana, fazendo de Mortágua a nova coordenadora do partido, após a saída de Catarina Martins.

Um total de 439 delegados (81%) depositaram a sua confiança em Mariana Mortágua para coordenar o partido, contra os 78 votos que arrecadou o opositor interno Pedro Soares e a sua moção E. 11 delegados abstiveram-se.

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