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Perder eleições? "O PSD até pode formar governo, mas não é comigo"

Luís Montenegro falou, esta segunda-feira, sobre o primeiro ano enquanto líder do PSD. Numa entrevista, comentou os "casos atrás de casos" do Governo e como se pode afirmar como "alternativa política". Falou ainda sobre a atuação do SIS no Ministério das Infraestruturas e fez garantias em relação aos resultados das eleições europeias.

Perder eleições? "O PSD até pode formar governo, mas não é comigo"

O líder do PSD, Luís Montenegro, garantiu que não será primeiro-ministro se não for eleito pelos portugueses, rejeitando assim a possibilidade de formar um governo com outros partidos, nomeadamente com o Chega, liderado por André Ventura. No entanto, recusou comentar a posição do partido.

"A nossa alternativa política está cada vez a ser mais bem acolhida pela população portuguesa e pelos eleitores", começou por referir Luís Montenegro em entrevista ao Telejornal da RTP, mostrando-se "confiante" de que o "caminho, consistência, persistência e insistência" do PSD "vão produzir o seu resultado".

Lembrando que o Partido Socialista (PS) obteve maioria absoluta há cerca de um ano, o social-democrata acusou o Governo de ter sido "inoperante" e de ser "deixado enredar em polémicas permanentes", perdendo "autoridade política".

Questionado porque é que não se afirmou enquanto "alternativa" face às polémicas do Governo, Luís Montenegro foi taxativo: "Quero ganhar as eleições, não são as sondagens. Eu quero ter mais confiança das pessoas quando elas forem chamadas a tomar a opção de escolher o próximo governo".

Sobre a posição do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, que afirmou não ter dissolvido o Parlamento por não haver uma "alternativa", o líder dos sociais-democratas considerou que "o país percebe que a única alternativa para criar um governo novo é liderada pelo PSD".

"Não estou dentro da cabeça do Presidente. O Presidente, creio, fez a sua análise e a sua análise é feita com base numa realidade: houve eleições há cerca de um ano, o Governo foi empossado há ainda menos tempo. Naturalmente, que o povo português tomou uma opção, que agora se percebe que foi frustrada, que corresponde a uma grande desilusão e deceção", afirmou.

Neste sentido, questionado sobre a possibilidade de vir a criar uma coligação com o partido Chega, Montenegro frisou que já "clarificou muito bem" a sua "posição" e questionou o porquê de não fazerem o mesmo tipo de questões ao Partido Socialista.

"Eu não quero. Eu não serei primeiro-ministro se perder as eleições. O PSD até pode formar governo, mas não é comigo", atirou.

"Já prometi que, quando formos a votos, os portugueses não irão acordar com um governo diferente daquele que quiseram", acrescentou.

O principal obstáculo ao normal funcionamento do país é o Governo"

Sobre as recentes polémicas, Luís Montenegro afirmou estar em causa "a normalidade do funcionamento das instituições", que "infelizmente vieram a degradar-se, sobretudo o Governo".

"O principal obstáculo ao normal funcionamento do país é o Governo", acusou, salientando os "casos atrás de casos" e a "falta de autoridade política".

Considerou ainda que "as condições de governabilidade estão a ser deterioradas e agravadas do ponto de vista da estabilidade", no entanto recusou poder vir a pedir eleições antecipadas.

"É preferível mudar de Governo em Portugal, seguindo as regras da democracia", afirmou.

Caso Tutti Frutti? "Não quero ter um milímetro de dúvida"

Luís Montenegro comentou a Operação Tutti Frutti, que investiga a alegada troca de favores entre o PS e o PSD na escolha de candidatos autárquicos das freguesias lisboetas em 2017, e pediu "celeridade e clareza na investigação". No entanto, manifestou "alguma perplexidade" por "algumas conclusões do Ministério Público" tiradas há cerca de um ano só terem vindo agora a público.

"Não quero ter a mínima dúvida. No PSD vamos esperar e aguardar todas as diligências da investigação e as suas conclusões. Do ponto de vista político, eu não convivo bem com a dúvida sobre a autenticidade do processo eleitoral. O meu partido não vai escolher candidatos de acordo com os interesses de outro partido", afirmou.

Luís Montenegro disse ainda querer "ter a certeza absoluta" que, em 2017, o processo eleitoral decorreu com normalidade, e instou o PSD a "fazer o mesmo".

"Faço o que é a minha obrigação. Aguardei o fim das notícias para poder tirar as conclusões do ponto de vista político. E reafirmo: No PSD, eu não quero ter um milímetro de dúvida quanto à autenticidade da vontade do partido em promover candidaturas autárquicas", frisou.

PSD vai enviar perguntas a Costa sobre atuação dos serviços de informação

O presidente do PSD anunciou que o partido vai enviar um requerimento ao primeiro-ministro, entre terça e quarta-feira, sobre a atuação dos serviços de informações no caso da recuperação do computador do ex-adjunto do Ministério das Infraestruturas.

Luís Montenegro voltou a não excluir que o partido possa avançar para uma comissão parlamentar de inquérito sobre o tema, mas apenas depois de "esgotar com prudência todas as possibilidades de esclarecimento antes dessa".

"Vamos dirigir perguntas diretamente ao primeiro-ministro através de requerimento que amanhã ou, no máximo, quarta-feira, dará entrada na Assembleia da República", anunciou.

Questionado se mantém a confiança no Conselho de Fiscalização das 'secretas', que tem um elemento indicado pelo PSD, Montenegro admitiu alterações no modo de eleição e defendeu que os seus membros não devem depender nunca da confiança dos partidos.

"No dia em que dependerem da confiança dos partidos está tudo estragado (...) Já disse que temos de repensar a forma de funcionamento do Conselho de Fiscalização, eventualmente mexendo na forma como os seus membros são eleitos. A pronúncia do Conselho cometeu uma falha que não devia ter acontecido: não ouvir a parte envolvida no assunto e que podia ter dado outra visão de contraditório", afirmou, referindo-se ao ex-adjunto das Infraestruturas Frederico Pinheiro.

"Não tenho medo de ir a votos em nenhum tipo de eleição"

Sobre as eleições europeias, que se realizam a 9 de junho de 2024, garantiu "não ter medo de ir a votos em nenhum tipo de eleição". "É muito simples, eu vou a votos e sujeito-me à interpretação dos resultados eleitorais", afirmou.

Questionado sobre o que fará caso perca as eleições europeias, Montenegro lembrou que o "PSD perdeu as últimas eleições europeias por doze pontos percentuais" e questionou: "Se o PSD ficar a dois ou três pontos, acham que é um mau resultado?"

"Eu não acho, mas não é esse resultado que eu quero", reconheceu. "Estou a trabalhar as eleições, mas não vou dizer que um insucesso eleitoral conduz imediatamente à minha cessação de funções. Com certeza que não", acrescentou.

Neste sentido, garantiu que irá ficar na liderança do partido, desde que as conclusões mostrem que estão "num bom caminho para ser governo". 

[Notícia atualizada às 21h47]

Leia Também: PSD retira confiança a Pinto Moreira. Aberto inquérito a escolhas em 2017

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