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Costa contraria "maré". Salvou Galamba e deixou Marcelo 'à deriva'

Se a demissão de João Galamba era, entre a opinião pública e classe política, a opção a seguir, António Costa surpreendeu tudo e todos, contrariando, inclusivamente, a posição de Marcelo Rebelo de Sousa. Eis a cronologia de 'uma morte antecipada', mas não consumada.

Costa contraria "maré". Salvou Galamba e deixou Marcelo 'à deriva'
Notícias ao Minuto

08:34 - 03/05/23 por Daniela Filipe

Política Governo

Há dias que a polémica no Ministério das Infraestruturas acumulava (ainda mais) tensão no Governo de António Costa. O dia de ontem arrancou com os olhos postos em São Bento, na expectativa da eventual demissão de João Galamba, responsável pela pasta das Infraestruturas, e terminou da mesma forma. O desfecho, contudo, não foi o esperado.

Após várias horas surgem, finalmente, notícias: o pedido de demissão do ministro. Mas se a história de Galamba parecia terminar aí, eis que o chefe do Governo apareceu pouco depois e mostrou-se taxativo na sua recusa, chocando com a posição manifestada pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.

Mas comecemos pelo início. Terça-feira amanheceu sob um clima de dúvida e antecipação, com a receção de João Galamba no Palácio de São Bento. Mais tarde, o primeiro-ministro seguiu para o Palácio de Belém, entre as 17h00 e as 18h45, para uma audiência que solicitou a Marcelo Rebelo de Sousa. Se, nessa altura, a demissão do ministro das Infraestruturas parecia (quase) certa, ninguém poderia esperar o que aí vinha.

Na verdade, por volta das 20h20, João Galamba divulgou um comunicado no qual revelou ter apresentado o seu pedido de demissão ao primeiro-ministro, "em prol da necessária tranquilidade institucional", face ao "atual quadro de perceção criado na opinião pública".

A ‘bola’ ficou, depois, no campo de António Costa, que surpreendeu tudo e todos, remando contra “a força da maré”. Isto porque o primeiro-ministro decidiu ‘salvar’ Galamba, cerca de meia hora depois, alegando ter apurado o contrário dos factos apresentados nos últimos dias.

"Sei que aquilo que tem sido dito repetidas vezes é o contrário daquilo que apurei. Tem sido dito que o ministro quis ocultar informação à comissão parlamentar de inquérito [à gestão da TAP], mas é falso; e diz-se que deu ordem aos serviços de informações ou quis utilizá-los, também é falso", considerou, reiterando não ter conseguido corroborar "a essência das acusações que têm sido dirigidas ao ministro das Infraestruturas".

E prosseguiu: "Quem é primeiro-ministro não pode andar ao sabor da maré. E tem de saber que muitas vezes tem de resistir com pé firme, contrariando. Não é contrariar por contrariar, não é um exercício de teimosia, é um exercício de consciência", disse, rematando que, "portanto, em consciência, não [podia] aceitar a sua demissão".

Se, até então, o Marcelo Rebelo de Sousa tinha-se escusado a comentar a polémica, apontando, no dia anterior, que "estes casos normalmente são discretos", uma vez que "são matérias muito sensíveis de Estado", estava na hora de se manifestar.

"O Presidente da República, que não pode exonerar um membro do Governo sem ser por proposta do primeiro-ministro, discorda da posição deste quanto à leitura política dos factos e quanto à perceção deles resultante por parte dos portugueses, no que respeita ao prestígio das instituições que os regem", afirmou, numa nota publicada na página da Presidência da República.

Também da direita à esquerda, os partidos e comentadores mostraram-se incrédulos com a posição de Costa, mas a decisão estava tomada: Galamba foi 'salvo', e Marcelo ficou 'à deriva'.

A polémica 'estalou' com demissão do ex-adjunto do ministro das Infraestruturas, Frederico Pinheiro, que acusou o responsável de "querer mentir" à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) à gestão da TAP sobre a existência de notas de uma reunião entre membros do Governo, o Grupo Parlamentar do Partido Socialista (GPPS) e a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, antes da audição da mesma no Parlamento.

Após a exoneração, Frederico Pinheiro ter-se-á dirigido às instalações do Ministério, em Lisboa, "procurando levar o computador de serviço" com informações classificadas, "recorrendo à violência junto de uma chefe de gabinete e de uma assessora".

Leia Também: Demissão de Galamba. "Humilhação", "encenação" ou "degradação" de Costa?

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