Luís Montenegro, afirmou, esta quarta-feira, que "o PSD e o seu líder não estão no bolso de ninguém", numa resposta indireta ao Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendendo que o partido está pronto para ser uma alternativa à maioria absoluta socialista.

"O que eu vos posso dizer de uma forma muito clara são três coisas: Em primeiro lugar, o PSD é a oposição ao Partido Socialista e só ao Partido Socialista. Em segundo lugar, o PSD e o seu líder não estão no bolso de ninguém. E, em terceiro lugar, o PSD é a alternativa a este Governo e o PSD e o seu líder estão prontos para governar quando e se o Presidente da República decidir encetar um processo eleitoral", disse Luís Montenegro, em declarações aos jornalistas, após ser questionado sobre a possibilidade de o partido apresentar uma moção de censura ao Governo de António Costa.

A resposta de Montenegro seguiu-se também às declarações de Marcelo, que fechou a porta a uma dissolução do Parlamento, considerando que a oposição "ainda não" é uma alternativa política. O Presidente defendeu ainda que não está refém nem do Governo, nem da oposição.

Face à insistência dos jornalistas perante as palavras do Presidente da República, o líder do PSD reiterou o que havia dito anteriormente e reforçou: "O PSD e o seu líder não estão no bolso de ninguém, têm total independência naquilo que é a sua ação política. E o PSD assegura ao país, aos portugueses e também ao Presidente da República que é uma alternativa de Governo ao Partido Socialista e que estamos prontos para assumir todas as consequências da alternativa quando for oportuno".

"Em princípio teremos eleições legislativas em 2026, se o Presidente da República fizer uma avalição diferente e suscitar um momento eleitoral antes de 2026 nós estamos prontos hoje para tudo aquilo que for necessário para dar ao país -  futuro, esperança, um Governo fiável, um Governo confiável, onde as pessoas se respeitam e respeitam aqueles que servem o Estado e todas as instituições públicas", acrescentou.

Recusando tecer comentários diretos sobre as palavras de Marcelo, Montenegro rematou: "Eu estou concentrado no meu papel como líder da oposição, estou concentrado em ser o próximo primeiro-ministro de Portugal".

Inicialmente, o presidente social-democrata havia comentando  a comissão parlamentar de inquérito à TAP, descrevendo com uma "vergonha" o que tem estado presente nas audições.

"É uma vergonha tudo aquilo que tem estado presente nas audições, todo o envolvimento, quer do ponto de vista institucional, que do ponto de vista procedimental. A forma como os membros do Governo interferem, têm ingerência direta na gestão da empresa", criticou.

"O país não está em boas mãos com este Partido Socialista e com este Governo", defendeu ainda.

Recorde-se que, face à polémica em torno da TAP, Marcelo afastou, na segunda-feira, a hipótese de dissolução da Assembleia da República. 

"Eu penso que, independentemente daquilo que pensar o Governo e oposição, não faz sentido neste ano decisivo em termos de fundos europeus e neste ambiente geral haver a ideia de dissolução do Parlamento", afirmou o chefe de Estado aos jornalistas.

"É natural que as oposições, nomeadamente as oposições à direita, insistam [na dissolução], por causa deste erro, daquele erro, deste erro, daquele episódio", explicou Marcelo, insistindo para que a oposição se empenhe em "mostrar que é alternativa".

Na ótica de Marcelo, "o Presidente não é refém da oposição", nem "refém do Governo". "O Presidente não está nem no bolso da oposição nem no bolso do Governo. Está no bolso dele, e é livre e independente", atirou, argumentando, na altura, que, "neste momento, não há uma alternativa óbvia em termos políticos".

[Notícia atualizada às 17h07]

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