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O "trapalhão" que fez "poucochinho": As reações à entrevista de Costa

O primeiro-ministro deu uma entrevista à RTP, na noite de segunda-feira - quando se cumpriu um ano de governação em maioria absoluta -, e as reações fortes vieram da Esquerda à Direita, acusando António Costa de ter dito "poucochinho".

O "trapalhão" que fez "poucochinho": As reações à entrevista de Costa
Notícias ao Minuto

09:00 - 31/01/23 por José Miguel Pires

Política António Costa

Os olhos do país olhavam atentos para os ecrãs das televisões na noite de segunda-feira, quando António Costa, em entrevista à RTP, falava ao país. Procurava-se saber, afinal, o que tem o líder do Governo a dizer, numa altura em que o Executivo tem estado sob fogo pelos 'casos e casinhos' que têm marcado o primeiro ano de governação socialista com maioria absoluta.

"Este ano seguramente o Governo pôs-se a jeito e cometeu erros, mais o maior tropeção que tivemos de enfrentar foi a guerra desencadeada pela Rússia", disse o primeiro-ministro, numa entrevista que marcou o primeiro aniversário da governação socialista com maioria absoluta, e que muitos acusaram de ter servido, principalmente, para o chefe do Governo justificar os 'casos e 'casinhos' que têm abalado a estabilidade do Executivo.

Na mesma entrevista, António Costa garantiu que cada um dos ministros "já colocou a si próprio" o questionário para os novos governantes, assegurando: "Obviamente que houve problemas dentro do Governo com consequências políticas que eram graves, houve duas mudanças de ministros, algumas pessoas que saíram por doença e três que saíram por questões ou de ética ou judiciais. Esses problemas, sem desvalorizar a sua dimensão, não se comparam com os problemas que atingem o dia a dia dos portugueses."

Como reagiram os partidos?

Da Esquerda à Direita, as vozes críticas da entrevista a António Costa manifestaram-se em uníssono. O PSD, por exemplo, na figura do seu secretário-geral, Hugo Soares, acusou António Costa de ser um primeiro-ministro "trapalhão" e "rendido".

"Tivemos hoje um primeiro-ministro absolutamente rendido, um primeiro-ministro incapaz de falar sobre o futuro do país e sobre aquilo que preocupa realmente a vida das pessoas em Portugal. Eu diria que foi mesmo incapaz de apresentar uma agenda transformadora, que era aquilo que se exigia. Foi incapaz, de resto, de apresentar uma única ideia, uma única proposta, uma única medida para o ano que se inicia", apontou Hugo Soares.

O secretário-geral social-democrata não se ficou por aí, no entanto, acusando Costa de ser um primeiro-ministro "trapalhão", que "não quer assumir a responsabilidade por nada".

Já a Iniciativa Liberal acusou esta entrevista de não trazer "nada de novo", realçando, ainda assim, que o primeiro-ministro "tenha feito um esforço para parecer um homem novo para resolver os problemas dos portugueses".

Rodrigo Saraiva, líder parlamentar dos liberais, considerou que a entrevista serviu para Costa "justificar os casos" que têm marcado este Governo e, com especial ênfase na polémica em torno da TAP, para "sacudir a água do capote [...] como se as decisões fossem exclusivamente da administração da TAP".

Ainda à Direita, o Chega também reagiu às palavras de António Costa em entrevista, que classificou de "poucochinho". Pedro Pinto, deputado do Chega, apontou o dedo ao primeiro-ministro por não esclarecer "trapalhadas" do Governo e por viver "no país das maravilhas". “Este Governo só tem para oferecer aos portugueses incompetência, incapacidade e instabilidade. O primeiro-ministro prometia estabilidade e foi exatamente isso que não trouxe”, disparou o deputado do Chega.

Olhando, por outro lado, para o espetro mais à esquerda do hemiciclo, realça-se também a reação do Partido Comunista Português (PCP) a esta entrevista, que, à semelhança de Pedro Pinto, acusou o primeiro-ministro de viver num país que só existe na sua imaginação. “O poder de compra continua a diminuir, falta resposta à habitação e nada disto foi reconhecido”, apontou o antigo deputado comunista António Filipe, a quem o primeiro-ministro "não convenceu".

Quem também se mostrou pouco convencida pela entrevista do chefe do Governo foi a deputada do Bloco de Esquerda Mariana Mortágua, que fez sobressair a postura "muito defensiva" de Costa, justificando: "Este primeiro ano de maioria absoluta foi a permanente crise e instabilidade criada pelo Governo."

"Quem ouvir António Costa não tem qualquer horizonte de uma vida melhor", afirmou a deputada do Bloco, acusando o primeiro-ministro de passar uma parte considerável da entrevista - ironizando - "a dizer que as pessoas se devem sentir agradecidas".

A entrevista de António Costa deu pano para mangas para o mundo político apontar farpas e quem também não deixou de se pronunciar foi o deputado único do Livre, Rui Tavares, que acusou o primeiro-ministro de utilizar "30 dos 52 minutos" da conversa para falar sobre "pequena política", em detrimento de apresentar propostas de futuro para o país.

“Num país que tem de se reinventar na próxima década, pode ser a última vez que temos fundos europeus deste vulto em Portugal, é preciso mais estratégias pensadas para futuro, pediu Tavares, considerando que António Costa - que gere um Executivo com "falta de liderança, coordenação, metodologias e mecanismos" - "só agora" entendeu que "é preciso mostrar alguma humildade".

Se o Chega acusou Costa de viver num "país das maravilhas", e se o PCP considerou que o primeiro-ministro vive num país "que só existe" na sua imaginação, Inês Sousa Real, deputada única do partido Pessoas-Animais-Natureza (PAN), embarca também nesse comboio de críticas, acusando o chefe do Governo de "irrealismo".

 “Ficou claro que temos um Governo em serviços mínimos”, atacou a porta-voz do PAN desde a Assembleia da República, considerando que as propostas apresentadas pelo primeiro-ministro não são suficientes.

Leia Também: António Costa é um primeiro-ministro "trapalhão" e "rendido"

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