O deputado João Cotrim Figueiredo deixou uma palavra de "condenação veemente a tudo o que sejam manifestações de racismo, xenofobia, intolerância, onde quer que apareçam na sociedade portuguesa, mas sobretudo se vierem da parte de forças e serviços de segurança, cuja principal responsabilidade é zelar pela aplicação das leis e devem estar estritamente dentro da legalidade constitucional, o que aparentemente não é o caso".
O ainda líder da IL reagia, em declarações aos jornalistas na Assembleia da Republica, às notícias de uma investigação jornalística de que membros da PSP e GNR terão publicado mensagens racistas e xenófobas nas redes sociais.
João Cotrim Figueiredo defendeu que esses casos "não podem manchar a globalidade dos cerca de 43 mil membros das forças e serviços de segurança em Portugal que, de forma geral, esmagadoramente cumprem a lei, esmagadoramente exercem a sua função, a sua nobre função, com abnegação e com respeito pelos princípios fundamentais da Constituição".
"É importante que os portugueses não alinhem também naquilo que é uma narrativa e uma tentativa de lançar um anátema sobre a generalidade das forças e serviços de segurança. É muito importante que continuemos a ter confiança na globalidade e na generalidade, na esmagadora maioria dos homens e mulheres que compõem as nossas forças e serviços de segurança porque sem isso é a própria democracia que fica em causa", salientou.
O liberal alertou também para a "importância de os partidos perceberem a função que têm na democracia e não tentarem instrumentalizar entidades quer da sociedade civil, quer organismos do Estado, para os seus próprios proveitos".
Questionado se o recado se destinava ao Chega, Cotrim Figueiredo afirmou que "é para todos os partidos que usam instituições da sociedade civil ou do Estado para os seus próprios proveitos".
"No caso concreto é o Chega que é mencionado, mas há outros partidos que tentam tomar conta dessas entidades para os seus próprios proveitos e isso não é benéfico para a democracia", apontou.
O deputado indicou ainda que a IL vai acompanhar o pedido do BE para audição no parlamento do ministro da Administração Interna porque "este assunto tem de ser esclarecido", mas considerou que "teria sido melhor que aquilo que foi trazido a lume agora tivesse resultado de uma investigação do próprio IGAI 'a anteriori' e não 'a posteriori'".
Um consórcio de jornalistas de investigação divulgou esta quarta-feira ao fim do dia que mais de três mil publicações de militares da GNR e agentes da PSP, nos últimos anos, mostram que as redes sociais são usadas para fazer o que a lei e os regulamentos internos proíbem.
Segundo a mesma investigação, todos os agentes e militares da PSP e da GNR que escreveram estas frases nas redes sociais estão no ativo.
Na quarta-feira foi divulgado que a Inspeção-Geral da Administração Interna (IGAI) vai abrir um inquérito à veracidade das notícias que referem a publicação, por agentes das forças de Segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório e que incitam ao ódio.
Numa nota do gabinete do ministro da Administração Interna é dito que José Luís Carneiro determinou à IGAI "a abertura de inquérito, imediato, para apuramento da veracidade dos indícios contidos nas notícias de hoje [quarta-feira] sobre a alegada publicação, por agentes das forças de segurança, de mensagens nas redes sociais com conteúdo discriminatório, incitadoras de ódio e violência contra determinadas pessoas".
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