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"TGV era paixão de Sócrates, que sempre achou que eu era atrasada mental"

A antiga ministra das Finanças e antiga líder do PSD criticou o anúncio do Governo, considerando que não existe necessidade de alta velocidade na ferrovia portuguesa.

"TGV era paixão de Sócrates, que sempre achou que eu era atrasada mental"
Notícias ao Minuto

11:03 - 30/09/22 por Notícias ao Minuto

Política Manuela Ferreira Leite

Um dos principais temas da semana foi a apresentação do projeto da Linha de Alta Velocidade (LAV), pelo governo, que pretende revolucionar a ferrovia portuguesa e ligar Lisboa ao Porto em apenas 1h15. No seu espaço de comentário na CNN Portugal, na quinta-feira, a antiga líder do PSD Manuela Ferreira Leite criticou o Governo, mas deixou as palavras mais fortes ao antigo primeiro-ministro José Sócrates.

Começando por atirar farpas ao Governo do Partido Socialista por ser "bastante perito em lançar ideias", argumentando que "são falados para serem uma ideia", a antiga ministra da Educação e das Finanças em dois governos diferentes referiu-se sempre ao projeto como TGV, uma "deia que vem desde o engenheiro Guterres" e que se intensificou com Sócrates.

"O TGV foi uma das paixões do engenheiro Sócrates - e esse tema para mim é caro, porque na altura eu era a presidente do PSD, era a oposição ao engenheiro Sócrates, e foi um dos temas preferidos das nossas discussões e dos nossos debates. E eu penso que ele sempre considerou que eu era atrasada mental, por considerar que bem podia ele discutir o que quisesse porque pura e simplesmente não havia dinheiro para o fazer e escusava de estar a anunciar uma coisa que sabia que não se podia fazer. Mostrou-se que não havia dinheiro porque estávamos, pura e simplesmente, em bancarrota", afirmou Manuela Ferreira Leite.

Sobre o projeto em si, a antiga líder do PSD, que antecedeu Pedro Passos Coelho à frente dos sociais-democratas, contestou a opinião do Governo e os vários estudos corroborados por especialistas na ferrovia e em mobilidade urbana, ao afirmar que o projeto "não é TGV nenhum".

"A minha guerra contra a TGV, que continua a ser, é que é um tipo de investimento - eu concordo com o investimento na ferrovia e na melhoria na ferrovia - no qual o país precisa de ter uma dimensão geográfica, em quilómetros, para ter um TGV que seja viável do ponto de vista económica", referiu a comentadora.

De recordar que as linhas de alta velocidade são um investimento aplicado por toda a Europa, em alguns casos por países mais pequenos do que Portugal, nomeadamente na Bélgica, que conta com várias conexões intranacionais, e na Dinamarca. Os Países Baixos também têm linhas de alta velocidade, embora estas sejam predominantemente usadas por ligações internacionais para a Bélgica e Alemanha.

Ainda assim, Manuela Ferreira Leite comentou que, em 2009, "todos os estudos mostravam que mesmo que houvesse dinheiro e que ele se fizesse, ele não era viável porque era necessário um fluxo de transporte de pessoas que correspondia a 3 ou 4 voos diários de uma cidade para a outra para ser rentável".

O Governo explicou, no projeto apresentado em Campanhã na quarta-feira, que o objetivo da Linha de Alta Velocidade não é apenas servir a ligação entre Porto e Lisboa - que por si ficará consideravelmente mais curta. Segundo o executivo, a linha do Norte, que conecta as duas cidades e é a principal linha do país, acolhe "quase metade de todos os comboios de passageiros e mais de 90% dos comboios de mercadorias efetuados diariamente no país", que circulam "pelo menos, em parte da linha do Norte".

Manuela Ferreira Leite concluiu reiterando a crítica inicial, mostrando-se pouco esperançosa que o projeto seja mesmo feito. Para a política, a LAV "faz parte da propaganda do governo anunciar coisas". "Antigamente havia inaugurações, agora há anúncios", rematou.

Leia Também: Alta velocidade "é o projeto mais importante das últimas décadas"

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